Dirigida por Fernanda Raquel e com dramaturgia de Victor Nóvoa, peça encerra a Trilogia do Acúmulo com crítica ao capitalismo de plataformas. Temporada estreia em 9 de maio no Sesc Pinheiros…
O coletivo A Digna apresenta o espetáculo E se fôssemos baleias?, um olhar crítico sobre a mercantilização dos afetos e seu impacto nas relações humanas mediadas pelo mercado de dados. Com dramaturgia de Victor Nóvoa e direção de Fernanda Raquel, a peça estreia no Sesc Pinheiros em 9 de maio, permanecendo em cartaz até 15 de junho, com sessões quinta a sábado às 20h. Dia 30 de maio (feriado) haverá sessão às 18h.
O trabalho conclui a Trilogia do Acúmulo, que questiona a lógica de eficiência e desempenho que captura os corpos e as relações sociais em Verniz Náutico para Tufos de Cabelo (2015), vencedor do Prêmio Aplauso Brasil de Melhor Dramaturgia em 2015, e Insones (2018), que obteve sucesso de crítica e público em diversas cidades do estado de São Paulo.
A narrativa apresenta uma trabalhadora de um centro de distribuição de uma big tech, cuja rotina de 12 horas diárias é consumida pelo trabalho, deixando suas noites marcadas pela exaustão e insônia. Uma reviravolta ocorre quando ela finalmente consegue dormir e sonha que é uma baleia. Impactada profundamente por este sonho, comete um erro que resulta em sua demissão, desencadeando uma série de violências que a levam a perder as sensações do próprio corpo.
As atrizes Ana Vitória Bella e Helena Cardoso interpretam a protagonista juntas. A escolha de uma pessoa duplicada reflete a força representativa dessa personagem, que carrega elementos comuns a tantos trabalhadoras e trabalhadores atualmente.
“O capitalismo de plataformas captura as nossas experiências de vida e as transforma em dados comercializáveis para grandes empresas. Tudo aquilo que sentimos, pensamos e desejamos se transforma em mercadoria. Não somos mais apenas consumidores, mas o próprio produto que é consumido”, explica o coletivo.
“A única personagem da peça, duplicada pela presença de duas atrizes – estratégia que nos ajuda a multiplicar as perspectivas – não consegue mais seguir com sua rotina diária depois de ter vivido a experiência de um sonho e percebe que a vida pode ser muito mais que a mera reprodução da máquina capitalista”, completa a diretora Fernanda Raquel.
Essas novas dinâmicas sociais e de trabalho mudaram a forma como nos relacionamos social e politicamente. “Michel Foucault tem uma frase bem interessante sobre os corpos dóceis. Ele diz que quanto mais um corpo produz, menos ação política ele tem no mundo”, contextualiza A Digna.
O conjunto de espetáculos é fruto de uma pesquisa de 8 anos em parceria com a diretora e atriz Fernanda Raquel. E a peça que encerra a trilogia foca nas maneiras de se contrapor ao acúmulo capitalista a partir de elementos como a memória, o sonho e o tempo. “Dirigir esta peça é poder ativar o sonho como uma tecnologia de transformação, um ato de resistência, que nos mova em direção a outros horizontes”, fala Fernanda.
A encenação minimalista, com cenografia de Renan Marcondes e figurinos de Joana Porto, cria um universo poético, que destaca de forma sutil a transformação dos corpos, utilizando materiais que possam brincar com os efeitos luminosos.
Além disso, a trilha sonora original, a cargo de João Nascimento, e a iluminação de Matheus Brant, desempenham papéis essenciais na criação deste universo onírico.
Este espetáculo foi contemplado pelo Edital ProAc Nº 01/2023 – Teatro / Produção de Espetáculo Inédito do Governo do Estado de São Paulo, a Secretaria da Cultura e Economia Criativa e o Programa de Ação Cultural – Proac, com realização do SESC SP.
Ficha Técnica
Idealização e realização: A Digna. Dramaturgia: Victor Nóvoa. Direção: Fernanda Raquel Elenco: Ana Vitória Bella e Helena Cardoso. Produção: Carol Vidotti. Trilha sonora original: João Nascimento. Direção de arte: Renan Marcondes. Iluminação: Matheus Brant. Figurinos: Joana Porto. Trilha sonora original: João Nascimento. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli. Assistência de produção: Marô Zamaro. Assistência de figurino: Rogério Romualdo. Operação de som: Thiago Shin. Operação de luz: Matheus Brant. Colaboração poética: Maria Thaís.
E se fôssemos baleias?
Sesc Pinheiros
Auditório
Rua Paes Leme, 195 – 3º andar, Pinheiros
Estreia dia 9 de maio, quinta-feira, às 20h.
Temporada: De 9 de maio a 15 de junho.
Quinta a sábado, 20h. Dia 30/5. Quinta, 18h.
Ingressos: R$40,00 / R$20,00 / R$12,00
Duração: 65 minutos.
Classificação: 14 anos.
www.sescsp.org.br/pinheiros
Foto: Noelia Nájera
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