Ador-Ador estreia na SP Escola de Teatro

Resultado de uma investigação cênica sobre relacionamentos abusivos, Ador-Ador, o trabalho inaugural do Coletivo Solto de Teatro, estreia no dia 16 de março, na sede Roosevelt, da SP Escola de Teatro, onde fica em cartaz até 2 de abril…

 

 

 

 

A peça dirigida por Anderson Claudir é baseada no Teatro Performativo e foi criada a partir de um experimento cênico desenvolvido pelos artistas na mesma instituição de ensino, tendo como ponto de partida o premiado disco “A Mulher do Fim do Mundo”, de Elza Soares.

Durante o processo criativo, o coletivo estudou obras feministas como “Sejamos Todos Feministas”, da escritora e ativista nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, que serviram para que a dramaturga e dramaturgista Lis Ricci escrevesse o diário de uma mulher sobre seu relacionamento amoroso, com trechos rabiscados e editados pelo seu parceiro.

A partir desse material, o grupo transformou as várias formas de violência sofrida por essa mulher em uma relação heteronormativa em cenas performativas marcadas pela linguagem do Butoh, tradição de teatro-dança japonesa inspirada em estéticas vanguardistas europeias, como Surrealismo e Expressionismo. Com movimentos bruscos e contorcidos, essa forma de arte busca expressar o que o ser humano traz de verdadeiro em sua alma, mesmo que isso seja sórdido, solitário e cheio de trevas, buscando libertar o dançarino das formas de corpo e pensamento.

“Ao estudarmos o Butoh, queríamos mostrar como as distorções naturalizadas na sociedade machista traz deformações aos “corpos sociais”. As cenas ajudam o público a formar imagens – mais do que contam uma história – para que ele possa estranhar aquela forma de violência. Essas sensações permitem ao espectador se colocar no lugar do outro, como o faz o feminismo”, comenta o diretor.

O amor é discutido como uma construção social que impõe tanto para a mulher como para o homem certos padrões de comportamento destrutivos, como a fabulação de que os amantes precisam ficar juntos para sempre, de que tudo deve ser perdoado incondicionalmente, ou, ainda, de que a vida de uma pessoa deve estar sempre condicionada à vontade do ser amado.

Em cena, três casais representam as opressões mais comuns em um relacionamento: a criação machista e os papeis sociais impostos para as duas partes do casal; a preparação para o casamento; a falta de voz feminina na relação; as pequenas e grandes decisões feitas por uma das partes; a violência física e sexual; a culpa sempre carregada pela mulher; o amor como uma obrigação; a dependência sentimental e econômica; o sentimento de sufocamento, entre outros.

Ficha Técnica
Direção: Anderson Claudir
Dramaturgia: Lis Ricci
Elenco: Ariana Moreira, Ariene Saldanha, Bruna Assis, David Santoza, Peaga Domingues e Robson Alexandre
Projeto de Luz: Natalia Tavares e Olívia Munhoz
Iluminação: Guilherme Soares e Stella Politti
Sonoplastia: Denão
Operadora de som: Yalis Barret Drummond
Cenografia e Figurino: Duda Viana, Natalia Miyashiro e Suellen Souza
Cenotecnia: Rodrigo Loureiro, Lara Gutierrez, Ingrid Oliveira, Kiko.
Produção Executiva: Natalia Miyashiro
Assistente de Produção: Hugo Carvalho
Assessoria de imprensa: Agência Fática

 

 

 

 

 

Ador-Ador, do Coletivo Solto de Teatro
SP Escola de Teatro – Sede Roosevelt
Sala R8
Praça Roosevelt, 210, Centro
Tel.: 3775-8600
Capacidade: 80 lugares
Duração: 60 minutos
Temporada: 16 de março a 2 de abril
Sextas, sábados e às segundas, às 21h
Domingos, às 19h
Ingressos:
R$ 20,00 (inteira)
R$ 10,00 (meia-entrada)
Classificação: 16 anos

 

Coletivo Solto de Teatro
O Coletivo Solto surgiu na SP Escola de Teatro, em 2016, quando um núcleo de aprendizes desenvolveu o experimento cênico “Talvez depois”, que funcionou como ponto de partida para a criação de “Ador-Ador”. O exercício tinha como disparador de criação o premiado álbum “A Mulher do Fim do Fim do Mundo”, de Elza Soares, em especial a faixa “Solto”, que inspirou o nome da companhia.

 

Fotos: André Stefano

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