Dando continuidade à bem sucedida parceria com o diretor Marcio Abreu (companhia brasileira de teatro), o Grupo Galpão apresenta Outros, desdobramento do trabalho iniciado com o espetáculo Nós, de 2016. Na nova montagem, o grupo foca na escuta, na busca pelo outro e aprofunda a reflexão sobre o hoje e o lugar do artista e da arte nos tempos atuais. A companhia mineira, que tem mais de 35 anos de história e é considerada uma das mais importantes do cenário teatral nacional, está em cartaz em São Paulo, até 10 de março, no Sesc Bom Retiro…
A temporada de Outros segue até 3 de março, sexta e sábado, às 21h; domingo e feriado, às 18h. O grupo também fará duas apresentações de Nós, nos dias 9 e 10 de março, sábado às 21h e domingo, às 18h. Os ingressos, no valor de R$30,00 (inteira), R$15,00 (meia) e R$9,00 (Credencial Plena Sesc), serão vendidos no site https://www.sescsp.org.br e nas unidades do Sesc SP. A turnê passará em 2019 por Brasília e pelo sul do Brasil.
Alteridade e poesia. Foi mergulhando nesses dois temas que diretor, atores e atrizes começaram, na prática, o processo de criação de Outros, que nasce como uma consequência natural do amadurecimento das dúvidas e inquietações contemporâneas trabalhadas na montagem de Nós (2016). “Outros é exatamente a expressão desse momento nosso. É um desdobramento consciente do primeiro trabalho que fizemos juntos. É uma experiência criativa que aprofunda a pesquisa numa escuta social performativa, que se constitui dramaturgicamente valendo-se de percepções múltiplas do mundo e de como ele age sobre nós”, explica o diretor.
Durante o processo de pesquisa para a montagem, os atores e atrizes se debruçaram em diversas leituras, chegando a aprofundar em alguns textos como “Frigorífico”, do francês Joel Pommerat, e “Os embebedados”, do russo Ivan Viripaev. As leituras contribuíram para o direcionamento do trabalho e serviram de material, junto com outros exercícios, para a criação da dramaturgia, elaborada em conjunto por Marcio Abreu e os atores do Galpão, Eduardo Moreira e Paulo André. O caminho levou a uma estrutura dramatúrgica que foi além da extensão da palavra para conseguir expressar o que extrapola a fala, dando espaço e importância a outras formas de linguagem, como o silêncio, por exemplo. O resultado é uma peça tecida com os rastros de memória presentes não só no discurso, mas nos corpos das atrizes e atores que ocupam a cena.
O texto do espetáculo foi construído na sala de ensaio, a partir do material levantado em exercícios e performances de rua, individuais e coletivas – que trabalharam com questões de natureza privada no espaço público e vice-e-versa – propostas pelo diretor e pelos próprios atores, que participaram anteriormente de um laboratório sobre vivência de performance, ministrado pela atriz e performer Eleonora Fabião. Na performance coletiva, a simbólica mesa de reunião do Galpão saiu do espaço privado e foi passear pelo centro de Belo Horizonte junto com os atores e atrizes, que convidavam as pessoas para sentar, dividir seu tempo e história com eles. A normalidade do dia a dia da rua foi atravessada pelos corpos dos atores que saíram do lugar de protagonista para dar destaque ao público, buscando romper com o fluxo cotidiano da cidade. “É curioso pensar como esse trabalho nos permitiu voltar a uma modalidade de teatro de rua tão particular e distinta da que temos feito ao longo dos últimos vinte anos”, comenta Eduardo.
O processo da escuta, de enxergar o outro, a cidade e entender como essas vozes, corpos e imagens – na dimensão do espaço público – reverberam em nós, foi o fio condutor desse trabalho. Essas experiências também foram traduzidas para a música, composta pelos próprios atores, que executam ao vivo em cena. Nas palavras do diretor, Outros descreve trajetórias entre o cheio e o vazio, entre a insuficiência das palavras e a potência do silêncio, entre construção e ruína, entre os tempos, passado, presente e futuro e que busca interligar o artístico, o existencial e o político, reagindo à dureza e à violência desses tempos nossos quando a ignorância usada como arma sustenta um fascismo crescente e contra o qual precisamos lutar com as armas das linguagens, do amor, do erotismo e da consciência.
Ficha Técnica / Outros
Elenco
Antonio Edson, Beto Franco, Eduardo Moreira, Fernanda Vianna, Inês Peixoto, Júlio Maciel, Lydia Del Picchia, Paulo André, Simone Ordones e Teuda Bara
Equipe Do Espetáculo
Direção: Marcio Abreu
Dramaturgia: Eduardo Moreira, Marcio Abreu e Paulo André
Iluminação: Nadja Naira
Cenografia: Play Arquitetura – Marcelo Alvarenga
Figurino: Paulo André e Gilma Oliveira
Trilha e efeitos sonoros: Felipe Storino
Direção de movimento: Kenia Dias
Colaboração artística: Nadja Naira, Felipe Storino e Kenia Dias
Preparação musical e arranjos vocais/instrumentais: Ernani Maletta
Preparação vocal: Babaya
Adereços: Junia Melillo
Interlocuções artísticas: Leda Martins e Eleonora Fabião
Assistência de direção: Paulo Andre, Lydia Del Picchia e Eduardo Moreira
Assistência de cenografia: Thays Canuto
Assistência de iluminação e operação de luz: Rodrigo Marçal
Cenotécnica e construção de objetos: Joaquim Pereira e Helvécio Izabel
Assistência de sonorização e operação de som: Fábio Santos
Assistente técnico: William Teles
Assistente de produção: Cleo Magalhães
Confecção de figurino: Bárbara Toffanetto, Maria Antônia, Penha Hermisdorf e Sonia Maria da Boa Viagem
Estagiárias de cenografia: Taísa Campos e Laís Martins
Estagiárias de figurino: Emiliana Normandia, Élida Murta e Maria Cândida Lacerda
Técnica de Gyrotonic: Waneska Torres
Registro e cobertura audiovisual: Luiz Felipe Fernandes
Fotos: Guto Muniz
Músicas originais: Beto Franco, Fernanda Vianna, Inês Peixoto, Julio Maciel e Paulo André, Lydia Del Picchia e Luiz Rocha, Teuda Bara e Luiz Rocha
Projeto gráfico: Estúdio Lampejo
Produção executiva: Beatriz Radicchi
Direção de produção: Gilma Oliveira
Produção: Grupo Galpão
Grupo Galpão
Atores
Antonio Edson – Arildo de Barros – Beto Franco – Chico Pelúcio – Eduardo Moreira –
Fernanda Vianna – Inês Peixoto – Júlio Maciel – Lydia Del Picchia – Paulo André – Simone Ordones – Teuda Bara
Equipe
Gerente Executivo – Fernando Lara
Coordenadora de Produção – Gilma Oliveira
Coordenadora de Planejamento – Larissa Scarpelli
Coordenadora de Comunicação – Bárbara Prado
Coordenadora Administrativa – Wanilda D’Artagnan
Coordenador Técnico e Técnico de Luz – Rodrigo Marçal
Produtora Executiva – Beatriz Radicchi
Cenotécnico – Helvécio Izabel
Técnico de Som – Fábio Santos
Assistente Financeiro – Cláudio Augusto
Assistente Administrativa – Andréia Oliveira
Assistente de Comunicação – Letícia Leiva
Assistente de Planejamento – Emiliana Normandia
Auxiliar Técnico – William Teles
Auxiliar Administrativo – Rayane Gregório
Recepcionista – Cídia Edvania Santos
Serviços Gerais – Danielle Rodrigues
Gestor Financeiro de Projetos – Artmanagers
Assessor Contábil – Maurício Silva
Petrobras é patrocinadora do Grupo Galpão.
Realização: Sesc SP, Ministério da Cultura e Governo Federal
Sesc Bom Retiro
Teatro
Alameda Nothmann, 185 – Campos Elísios
Info.: (11) 3332-3600
Classificação indicativa: 16 anos
Ingressos:
R$30,00 (inteira)
R$15,00 (meia)
R$9,00 (Credencial Plena Sesc)
*Funcionários da Petrobras e portadores do cartão com bandeira da empresa têm direito a 50% de desconto na compra de até dois ingressos, mediante comprovação (crachá funcional ou cartão).
Outros
Dir: Marcio Abreu
Temporada: até 03 de março de 2019
Sexta e sábado, às 21h
Domingo e feriado, às 18h
Nós
Dir. Marcio Abreu
Sábado, 9 de março, às 21h
Domingo, 10 de março, às 18h
Grupo Galpão
Criado em 1982, em Belo Horizonte (MG), o Grupo Galpão é uma das companhias mais importantes do cenário teatral brasileiro, cuja origem está ligada à tradição do teatro popular e de rua. Desde o início, o grupo desenvolve um trabalho que alia rigor, pesquisa e busca de linguagem, com peças que possuem grande poder de comunicação com o público. É um dos grupos brasileiros que mais viaja, não só pelo Brasil, como pelo exterior, tendo participado de vários festivais em países da América Latina, América do Norte e Europa. Formado por 12 atores, o Galpão construiu sua linguagem artística a partir de encontros com diversos diretores, como Eid Ribeiro, Gabriel Villela, Cacá Carvalho, Paulo José, Yara de Novaes, Marcio Abreu, entre outros, criando um teatro que dialoga com o popular e o erudito, a tradição e a contemporaneidade, o teatro de rua e de palco, o universal e o regional brasileiro.
Marcio Abreu
Dramaturgo, diretor e ator. Fundador e integrante da companhia brasileira de teatro, sediada em Curitiba. Desenvolve projetos de pesquisa e criação de dramaturgia própria, releitura de clássicos e encenação de autores contemporâneos inéditos no país. Realiza ações de intercâmbio com artistas do Brasil e da França. Entre seus trabalhos estão Vida (2010), texto e direção, baseado em Paulo Leminski; Oxigênio (2010), do russo Ivan Viripaev, adaptação e direção; Isso te interessa? (2011), da francesa Noëlle Renaude, tradução, adaptação e direção; Enquanto estamos aqui (2012), dramaturgia e direção, solo de dança e teatro com a coreógrafa Marcia Rubin; Esta Criança (2012), do francês Joël Pommerat, direção, pareceria entre a Companhia Brasileira e Renata Sorrah. Esse encontro com a atriz gerou ainda outros dois frutos: as peças “Krum” (2015) e PRETO (2017), que tem ainda no elenco, a atriz e dramaturga Grace Passô. Também escreveu e dirigiu PROJETO BRASIL (2015) com os parceiros da companhia brasileira de teatro. Em 2016, dirigiu o Grupo Galpão no espetáculo NÓS, texto escrito em parceria com Eduardo Moreira. Recebeu inúmeros prêmios e indicações. Entre eles o prêmio Bravo!, o prêmio Shell, o APCA, o prêmio Governador do Estado, no Paraná, o APTR e o Questão de Crítica. Foi escolhido pelo jornal Folha de São Paulo como personalidade teatral do ano, em 2012. Atualmente é orientador do Núcleo de Direção do SESI PR.
Galpão e Petrobras
Há quase 20 anos, o Grupo Galpão conta com o patrocínio da Petrobras. Foram muitos espetáculos montados, temporadas nacionais, turnês por todas as regiões do Brasil e presença em festivais proporcionados por essa parceria. Em 2019, a Petrobras continua apostando no compromisso do Galpão: reinventar a vida por meio da arte, possibilitando a vivência do teatro, como alegria e transformação, para um público cada vez maior.
Foto: Guto Muniz
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