“Epidemia” em curta temporada no Teatro de Arena Eugênio Kusnet

Você já se sentiu doente sem estar doente?

 

 

Em uma empresa de recursos humanos, a morte súbita e inexplicável de um jovem funcionário assusta a todos, ao mesmo tempo em que há rumores de que a empresa será comprada por uma húngara. A crise está instaurada: a situação provoca tensão entre os colegas de trabalho e expõe a fragilidade e o abismo psicológico no qual cada um deles vive. A rotina torna-se impraticável e o trabalho passa a ser um espaço de crise, onde se manifestam as doenças típicas do nosso tempo.

Epidemia é uma tragicomédia absurda que retrata o alucinante cotidiano dos trabalhadores das grandes cidades e levanta a questão:
“Pra quê perder a vida, tentando ganhá-la?”

 

 

Epidemia é fruto de um processo de investigação cênica a partir do mote inicial: “a inadequação do homem contemporâneo nas grandes cidades”. Chegamos, assim, ao tema da nossa atual epidemia: pessoas que ficam doentes – psiquicamente e fisicamente – por trabalhar exacerbada, desenfreada e compulsivamente.

A dramaturgia de Epidemia, bem como seu processo criativo e de encenação, foi concebida de forma colaborativa pelos artistas-criadores da Rubra Cia. de Teatro. A narrativa se passa em uma empresa de recursos humanos que, após uma crise, é vendida para uma multinacional húngara. A partir disso, a empresa e seus funcionários terão que adaptar-se a novos padrões e medidas de trabalho.

Parte-se da estética realista para reconhecimento das personagens e situações do mundo cotidiano. Mas a encenação realista, assim como as personagens, adoece, se estranha, fica louca, perdida, se desestrutura. Ao levar as situações aparentemente inofensivas e corriqueiras ao absurdo, as contradições presentes se escancaram permitindo, assim, a possibilidade de tratar o tema dialeticamente. Epidemia é uma tragicomédia absurda, que explicita as contradições do mundo contemporâneo de forma irônica e bem humorada.

Poeticamente partimos do “Mito de Sísifo”, ensaio de Albert Camus, filósofo e escritor radicado na França. Neste ensaio o autor retrata o destino trágico de Sísifo, aos olhos da Mitologia Grega, ao realizar um trabalho inútil e dispendioso. Após ser condenado pelos Deuses, Sísifo deveria carregar uma enorme pedra até o cume de uma montanha íngreme, e quando quase alcançaria o seu topo, a pedra escorregaria ladeira abaixo e ele deveria novamente carregá-la para cima, eternamente. Trata-se do castigo pelo trabalho inútil e sem fim. Segundo Camus, esse mito é símbolo ao modelo de homem contemporâneo absurdo, ao esvaziamento de suas funções cotidianas, e à realização de um trabalho que não adere significado à sua própria realização. Que devemos então fazer?, questiona Camus. Desistir? Ou seguir adiante, em consciência!

Ficha Técnica
Atores – Criadores: Carina Murias, Carlos Gontijo, Marília Scofield, Milton Filho e Nadia Berriel.
Dramaturgia, Cenário, Figurinos e Produção: Rubra Cia. de Teatro
Iluminação: Bruno Garcia
Sonoplastia: Vitor Djun
Orientação Sonora: Dani Sou
Vídeos: André Okuma e Reiko Otake
Participação (Em Vídeo): Adriana Mendonça e Rogério Bandeira
Arte Gráfica: Arthur Amaral

 

 

Epidemia
Teatro de Arena Eugênio Kusnet
Rua Teodoro Baima, 94 – Vila Buarque – SP
Tel.: 3256-9463
Duração: 90 minutos
Temporada: até 12 de Novembro
Sextas e sábados, às 21h
Domingos, às 19h.
Ingressos:
R$20,00 (inteira)
R$10,00 (meia)
Classificação indicativa: 12 anos

Foto destaque: Alexandre Moreira
Fotos: Danilo Dantas

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