Com Amor, Brigitte

Em cartaz no Pequeno Auditório do MASP, às sextas, sábados e domingos…

A atriz francesa Brigitte Bardot veio ao Brasil nos anos 60 e sua visita à Búzios ficou internacionalmente conhecida. O que pouca gente sabe é que antes de chegar ao balneário, a atriz teve de ficar quatro dias reclusa em um apartamento no Rio de Janeiro, para fugir do intenso assédio da imprensa e dos fãs, que a aguardavam já na pista do aeroporto do Galeão. Nos anos 60, Brigitte Bardot era considerada um ícone da beleza, da sensualidade e da moda. Ditava, junto com outros artistas, o comportamento daquela época. No entanto, ela não conseguiu carregar o peso dessa alcunha e se retirou do show business, muito em função da obsessiva ação da mídia que devassava sua vida pessoal.

Com direção de Fábio Ock (criador da Companhia de Teatro Rock, onde dirigiu a premiada montagem A Borboleta sem asas e Na Cama com Tarantino), a peça traz no elenco a jovem Bruna Thedy, que vem se destacando no teatro nos últimos anos em peças como Preto no Branco e Universos, dirigidas por Zé Henrique de Paula; A Casa de Bernarda Alba, com direção de Elias Andreato; e Equus, dirigida por Alexandre Reinecke. O ator André Correa, com dezenas de espetáculos importantes no currículo e que recentemente esteve na elogiada montagem de Ricardo III, dirigida por Marcelo Lazaratto, vive o personagem do camareiro.

No texto de Franz Keppler, encomendado por Bruna e Fabio, o episódio foi transportado para o apartamento de um camareiro de hotel para onde ela foge depois de uma conturbada passagem pelo Copacabana Palace. O encontro inusitado entre dois mundos completamente diferentes – e ao mesmo tempo tão iguais – é o mote da narrativa. O personagem masculino da peça também tem como função questionar Brigitte sobre o endeusamento de artistas e celebridades, criando assim um panorama para que pensemos: “Por que você é mais do que eu?” Como valorar uma pessoa e considerá-la mais importante do que outras?

Apesar de tratar de uma personagem que é real e está viva, o espetáculo não trabalha com a obrigação de reproduzir Brigitte Bardot e sim com o objetivo de explorar a sua simbologia e o que ela representou. A ideia é trabalhar um olhar subjetivo desse ícone, sem regras e compromissos.

Utilizando a figura de Brigitte Bardot como ícone da moda e sexualidade, a peça discute os limites entre os direitos à intimidade e à vida privada e a liberdade de expressão e informação no mundo atual, questão há muito tempo discutida e que se mostra cada vez mais atual, vide o polêmico caso das biografias não autorizadas.

Aparentemente essas questões parecem estar mais ligadas a pessoas notórias e celebridades, mas atualmente, com o advento da internet, pessoas comuns passaram a sofrer os efeitos colaterais da exposição virtual, tendo suas vidas devassadas, tais como as figuras célebres da mídia.

“Considero as câmeras de segurança uma das ferramentas mais representativas quando falamos em invasão de privacidade. Seja na mão de um papparazzi ou nas fachadas de prédios, as lentes que invadem nossas imagens e capturam o que fazemos no cotidiano, são instrumentos que desenham esse quadro que chamamos de século XXI. Diante dessa visão bem particular que queremos dividir com o público, vou instalar várias câmeras de segurança no cenário que, em momentos distintos, vão espionar os atores e outras vezes contracenar com eles”, explica o diretor.

O espetáculo será concebido através da intersecção de três linguagens: teatro, vídeo e performance. Apesar de o texto ter sido escrito de uma forma realista, a encenação não caminha por aí. O espetáculo está num lugar não real para que se possa ter extrema liberdade criativa. Ock afirma que “será uma Brigitte brasileira, espiada por câmeras de segurança como num reality show, conduzida por canções francesas remixadas e apoiadas por projeções intrigantes que fazem referência ao cinema. Queremos chegar num caleidoscópio estético para contar essa história”. O diálogo entre cenografia, vídeo e iluminação é estreito e contínuo. A projeção, peça fundamental da encenação, será feita no cenário para alcançar uma simbiose perfeita.

Brigitte Bardot sofreu muito com a invasão de privacidade. Por isso, representa um símbolo fortíssimo para discutir o assunto. Até quando suportamos e queremos devassar a vida privada de alguém? O espetáculo pretende levantar uma série de questões. Perguntar. Não responder.

Ficha Técnica:

Texto: Franz Keppler
Elenco: Bruna Thedy e André Corrêa
Direção: Fábio Ock
Cenário: Pedro de Alcântara Neto
Figurino: Zé Henrique de Paula
Make Up Designer: Beto França
Iluminação: Fran Barros
Assistente de Direção e Projeto Gráfico: Laerte Késsimos
Trilha sonora: Fábio Ock
Preparação Corporal: Einat Falbel
Fotos: Jefferson Pancieri
Vídeo Mapping e Criação dos Vídeos: Laerte Késsimos e Fabio Ock
Produção Executiva: Katia Placiano
Produtores Associados: Selma Morente, Célia Forte, Bruna Thedy e Fabio Ock
Realização: Morente Forte
Patrocínio: Nextel e Wheaton

Com Amor, Brigitte
Teatro do MASP
Pequeno Auditório
Av. Paulista, 1578
Informações: (11) 3149 5959
Capacidade: 80 lugares
Sexta e Sábado às 21h
Domingo às 19h
Ingressos:
Sexta e Domingo R$ 50,00
Sábado R$ 60,00
Duração: 80 minutos
Recomendação: 16 anos
Bilheteria: Terça a domingo: das 10h às 17h30. Quinta-feira: das 10h às 19h30. Em dias de espetáculo nos Auditórios, a bilheteria funcionará até o horário de início da apresentação. Aceita dinheiro, débito e crédito a vista.
Vendas online: Ingresso Rápido

Estacionamentos Conveniados:
Progress Park, Avenida Paulista, 1636
Car Park, Alameda Casa Branca, 41

 

Bruna Thedy

No teatro esteve na montagem de A Casa de Bernarda Alba, onde contracenou com Walderez de Barros e foi dirigida por Elias Andreato. Recebeu por esse papel uma indicação ao Prêmio Aplauso Brasil de atriz coadjuvante. Em 2012 destacou-se no espetáculo Equus, de Peter Shaffer, fazendo par romântico com Leonardo Miggiorin. Em 2013 também esteve no elenco das seguintes montagens: Minha Primeira Vez, dirigida por Isser Korik, Las Perras, com direção de Fábio Ock e Universos, de Zé Henrique de Paula. Participou ainda das peças Entre Quatro Paredes, de Jean Paul Sartre, sob supervisão de Cibele Forjaz, O Despertar da Primavera, de Frank Wedekind, com direção de Zé Henrique de Paula e da trilogia inglesa Enquanto Isso, de Alan Ayckbourn, sob direção de Isser Korik. Em 2014/2015 integrou o elenco da montagem brasileira da peça inglesa Mirror Teeth (Preto no Branco), com direção de Zé Henrique de Paula.

André Corrêa

Iniciou sua carreira como ator em 1978, tendo trabalhado com os seguintes diretores: Antunes Filho (“Trono de Sangue/Macbeth”, de Shakespeare), José Celso Martinez Corrêa, (“Ham-let”, de Shakespeare), Antônio Gilberto (“Maria Stuart”, de Schiller), Mauro Mendonça Filho (“Deus”, de Woody Allen), Willian Pereira (“Romeu e Julieta”, de Shakespeare), Roberto Lage (“A Mandrágora”, de Maquiavel), Samir Yasbek (“O Fingidor”, do próprio Yasbek), Marco Antônio Rodrigues (“História de Dois Amores”, de Carlos Drummond de Andrade), Antônio Abujamra (“O Casamento”, de Nelson Rodrigues; “A Resistível Ascensão de Arturo Ui”, de Bertolt Brecht; “Essa Noite Se Improvisa”, de Luigi Pirandello; “Os Possessos”, baseado no romance “Os Demônios”, de Dostoiévski,), Marcelo Lazzaratto (“Ensaio Sobre a Queda”, de Carlos Canhameiro; “Ricardo III, de Shakespeare), Ramiro Silveira (Reality Final, de Michelle Ferreira), entre outros. Em cinema, protagonizou o telefilme “A teu Lado Leve”, com direção de Flávia Moraes e atuou no longa “Uma noite em Sampa”, com direção de Ugo Georgetti. Na televisão, atuou nas novelas “O Profeta”, “Pé Na Jaca”, “Zazá”, “Suave Veneno”, “Filhas da Mãe”, “Torre de Babel”, “O Amor está no Ar”, nas minisséries “Um Só Coração”, “Labirinto”, “Hilda Furacão”, “Dalva e Helivelto” e no especial “Por Toda Minha Vida”, sobre Cartola.

Franz Keppler

Estreou no teatro em 2007 com Nunca Ninguém Me Disse Eu Te Amo, peça indicada ao Prêmio APCA de melhor autor. Seguiram-se Depois de Tudo (2008), Frames (2009), também indicada ao APCA de melhor autor, Córtex, (2012), monólogo com Otávio Martins e direção de Nelson Baskerville, Camille e Rodin (2012), direção de Elias Andreato, com Leopoldo Pacheco e Melissa Vettore, Divórcio (2013), direção com Suzy Rego e Zé Rubens Chachá, e Só… entre nós! ( 2014), com direção de Joca Andreazza. Duas de suas peças ganharam montagens internacionais: Divórcio (2014) em Barcelona, e Camille e Rodin (2015), em Buenos Aires. Além de Com Amor, Brigitte, outros textos do autor tem estreia prevista em 2016: Caravaggio, com Reinaldo Gianecchini e direção de José Possi Neto, Até o Fim, direção de Inez Viana e Daniel Tavares e Louise Cardoso no elenco, Aquário com Peixes, direção de Marcelo Varzea, Bicho Arisco, direção de Fernanda Levy, e Ofélia em Mim, direção de Sérgio Santoian.

Fábio Ock

É bacharel em Artes Cênicas pela Universidade São Judas Tadeu e pós-graduado em Direção Teatral pela ECA- SP. Foi aluno da Universidade Livre de Música e fez a trilha sonora de diversas peças, como “Pornô – Falcatrua 18633”, “TPM Katrina” e “Adormecidos”. Participou de mais de 20 espetáculos como ator e dirigiu outros 15, em 15 anos de carreira. Foi assistente de direção de nomes como Gabriel Villela, Roberto Lage e Marco Antonio Brás. Integrou e fundou a Cia de Teatro Rock, onde dirigiu os espetáculos “Q.A.P”, “A Borboleta sem Asas”, vencedora do Prêmio FEMSA 2001 de Melhor Produção e Melhor Música, “Na Cama com Tarantino”, “R-evolução Urbana”, “A sessão da tarde ou você não soube me amar” e ” Lado B: mudaram as estações”, entre outros. Fora da Cia, assinou ainda a direção de “O Eclipse” de Sergio Roveri e mais recentemente de “Las Perras”, inspirada nas personagens femininas do cineasta Quentin Tarantino. Em 2015 recebeu o prêmio APCA de Espetáculo com Uso de Novas Mídias em Cenografia, pela peça “A Porta Secreta”.

 

Fotos: Jefferson Pancieri
Fotos: Arquivo pessoal e Erik Almeida

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