Projeto Brasil

Dia 16 de junho, no Sesc Belenzinho, em curta temporada, de quinta-feira a domingo…

Resultado de dois anos de pesquisas, intenso trabalho e viagens para as cinco regiões brasileiras, a montagem traz um conjunto de performances criadas a partir da reflexão dos artistas sobre o país.

Projeto Brasil tem direção de Marcio Abreu e conta no elenco com os atores Giovana Soar, Nadja Naira e Rodrigo Bolzan e o músico Felipe Storino. A estreia nacional ocorreu no Rio de Janeiro, em outubro de 2015, após uma pré-estreia em Curitiba, onde a companhia tem sede. Em janeiro deste ano retomou a estrada, já tendo passado por Brasília (no CCBB), Manaus (Teatro Amazonas), Porto Alegre (Theatro São Pedro), e Salvador (Teatro Vila Velha), além de ter cumprindo mais 4 semanas em cartaz em Curitiba.

Projeto Brasil vem tendo uma ótima repercussão. No começo do ano, foi indicado na premiação da Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro (APTR) nas categorias melhor ator (para Rodrigo Bolzan) e melhor autoria (Abreu, Soar, Naira e Bolzan). Já o Prêmio Questão de Crítica, realizado pela revista eletrônica de mesmo nome, indicou o espetáculo em oito categorias: espetáculo, direção, dramaturgia, ator (Bolzan), atriz (Soar), cenografia (Fernando Marés), direção de movimento (Marcia Rubin) e direção musical/trilha original (Felipe Storino) levando o Prêmio de Melhor Espetáculo. Com o trabalho anterior Krum, a companhia brasileira de teatro venceu o Prêmio Cesgranrio de Teatro, no Rio de Janeiro, na categoria melhor espetáculo. Esta mesma montagem foi apontada como melhor espetáculo e melhor iluminação (para Nadja Naira) no APTR e Melhor Elenco no Prêmio Questão de Crítica.

Reflexões de uma longa jornada
Entre 2013 e 2014, a companhia brasileira de teatro viajou por capitais das cinco regiões brasileiras, passando por Salvador, Manaus, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Brasília. Foram apresentados espetáculos de seu repertório e, numa outra frente, o grupo realizou seminários, palestras, leituras e vivências com o público e outros artistas. As andanças não se deram apenas em ambientes artísticos ou culturais, mas também em outros cantos das cidades visitadas.
Dessas viagens, trocas de informações com pessoas diversas e, também, das reflexões artísticas que o percurso gerou, foi montado um mosaico criativo. O resultado está entrelaçado na sequência de cenas de Projeto Brasil. Elas são independentes e em formatos diversos, que privilegiam ora a fala, ora a música, o corpo, a luz – como define Marcio Abreu, “discursos”.

Falar, sem falar
Mas não são discursos unívocos, nem iguais na forma, diz o diretor. O espetáculo traz um conjunto bem heterogêneo que inclui palavra, performance, música, teatro. É mais sensorial do que narrativo; convoca, implica, provoca. Os integrantes da companhia se deixaram afetar pelos encontros com outros criadores brasileiros e com o público teatral, pela vivência espontânea, pelos muitos materiais, pensamentos e ações produzidos nesse trajeto. O primeiro fruto disso tudo é o que vem ao palco. Não se trata, reitera Abreu, de um retrato documental, mas sim da reverberação artística da experiência.

Assumindo os riscos de criar uma peça a partir do olhar para o país num momento como o de hoje, a companhia brasileira de teatro se dedicou à tarefa com o rigor técnico, o apreço pela pesquisa e a inquietação que lhe são peculiares. As rotas percorridas, as situações vividas, histórias e bibliografias lidas, o caminho foi aos poucos sendo construído.
Desde o começo não queríamos falar explicitamente sobre o país, conta o diretor Marcio Abreu. Com o decorrer do trabalho, isto se concretizou: falar sem falar expressamente, tratar de outras coisas para tratar do Brasil. Esta outra dimensão de trabalho é um reflexo também da impossibilidade de falar sobre o país, num momento onde as coisas ainda estão acontecendo, numa velocidade muito grande. A impossibilidade de dar conta de tudo por meio da palavra também refletiu no formato do espetáculo, com uma aproximação no rumo de outras formas de expressão como a performance.

A Montagem
O preto sobre o preto está em cena, e num sobrepalco redondo se instala uma floresta de microfones – alguns são utilizados, outros não -, como se estivessem prontos para um pronunciamento. E a fala acontece, de fato, mas não da forma mais convencional. É neste cenário que são realizadas as cenas independentes que compõem o Projeto Brasil. Há momentos de texto propriamente dito, inspirados em discursos reais, como a ex-Ministra da Justiça da França Christiane Taubira ou o ex-presidente do Uruguai Jose Mujica, bem como criações da própria companhia, além de cenas que buscam outras possibilidades de expressão. São tratados temas como política, igualdade, consumo exacerbado, economia de mercado, ética, o caráter descartável de tudo na nossa sociedade, a ânsia por compreender e se comunicar. Outras questões abordam o trabalho do grupo, como o papel do ator, do teatro e da arte. Os figurinos, também em preto, remetem a um “fim de festa”, como define Marcio.

Patrocínio
O Projeto Brasil nasceu da inserção do grupo na seleção pública de Manutenção de Companhias de Teatro da Petrobras, que concedeu patrocínio por três anos para pesquisa, montagem e circulação. No primeiro ano, foi realizada a circulação com as cinco peças do repertório pelas cinco regiões do Brasil. Em cada escala, também dedicaram-se à troca de informações com artistas e anônimos, plateias e transeuntes.

Marcio Abreu e a companhia vêm de grandes sucessos no Brasil e no exterior, como Vida (2010), Isso te Interessa (2011), Esta Criança (2012) e Krum (2015). Com essa nova montagem, delineiam-se novos rumos, de recriação da sua dramaturgia já muito particular, desde os ensaios até a montagem, afirmando-se em um novo desafio de linguagem.

Ficha Técnica:

Direção: Marcio Abreu
Elenco: Giovana Soar, Nadja Naira e Rodrigo Bolzan
Músico: Felipe Storino
Dramaturgia: Giovana Soar, Marcio Abreu, Nadja Naira, Rodrigo Bolzan
Trilha e efeitos sonoros: Felipe Storino
Assistência de Direção: Nadja Naira
Direção de Movimento: Marcia Rubin
Orientação de texto e consultoria vocal: Babaya
Iluminação: Nadja Naira e Beto Bruel
Cenografia: Fernando Marés
Figurino: Ticiana Passos
Direção de Produção: Giovana Soar
Produção Executiva: Isadora Flores
Produção e operação técnica: Henrique Linhares
Produção local: Jose Maria, Lili Almeida e Géssica Arjona
Projeto Gráfico: 45JJ
Fotos: Marcelo Almeida, Maringas Maciel e Nana Moraes
Operador de luz: Henrique Linhares e Elisa Ribeiro
Técnico de som: Chico Santarosa e Miro Dottori
Contrarregragem: Fernando Marés, Liza Machado e Elisa Ribeiro
Cenotécnica: Anderson Quinsler
Artistas Colaboradores: Ranieri Gonzalez, Edson Rocha, Renata Sorrah,
Cássia Damasceno
Oficinas de aprimoramento: Eleonora Fabião, Erelisa Vieira
Seminários: Eleonora Fabião, Mario Hélio Gomes de Lima, André Egg, Sandra Stroparo, Itaércio Rocha, Aly Muritiba
Entrevistas e Encontros: Dona Eva Sopher, Hélio Eichbauer, Maestro Letieres Leite, Sr. Dimitri Ganzelevitch, Fabiano de Freitas e Teatro de Extremos, Favela Força, Bruno Meirinho, Ilê Ayê.

Projeto Brasil
Sesc Belenzinho
Sala de Espetáculo I
Rua Padre Adelino, 1000
Tel.: (11) 2076-9700
Capacidade: 80 lugares
Duração: 80 minutos
Recomendação: 16 anos
Curta Temporada:
De 16 de Junho a 17 de Julho
Quinta a Sábado, às 21h30
Domingo às 18h30

Ingressos: R$ 25,00
R$ 12,00 (aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e servidor da escola pública com comprovante)
R$ 7,50 (trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo credenciado no Sesc e dependentes)

Ingressos à venda pelo Portal Sesc SP www.sescsp.org.br a partir de 07 de Junho, às 15h30. E nas unidades do Sesc a partir do dia 08, às 17h30
Estacionamento: R$ 11 (não matriculado); R$ 5,50 (matriculado no SESC – trabalhador no comércio de bens, serviços e turismo / usuário).

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