Quero mais!

O espetáculo começou com um breve relato em off de uma locutora que provavelmente é da Alpha FM, promotora do show com o Tom Brasil, contando que na década de 80 a amizade entre Leo Jaime e Marina Lima teve início em uma praia do Rio de Janeiro, quando ela se aproximou para mostrar a ele o primeiro verso de uma canção: “Eu tenho febre, eu sei…”, e essa amizade perdura até hoje.

 

Nesse momento entra Leo Jaime, já interagindo com a plateia com alegria contagiante, e gritando “Terezinha”, e o público responde imediatamente “huuu huuu”, e zombando o artista comenta “ah ah, agora todos entregaram a idade”. Leo começa a contar que tinha o apelido de Leo Guanabara, quando tocava em bandas e compondo músicas para outros artistas, completando, “até hoje não entendo o porque de Leo Guanabara, já que nasci em Goiânia e morei em São Paulo”, e avisa que vai pegar uma taça de vinho e com a taça já em mãos pede ao público para brindar com ele e complementa ; “quando vocês estiverem na oitava dose, eu viro Frank Sinatra, e quando estiverem na décima quarta, eu viro a Amy Winehouse”.

“No começo do ano pensei que eu não compunha mais nada, ai fiquei com essa história na cabeça e comecei a relembrar como eu havia começado na música. Eu não gostava de tocar, mas em casa tinha um violão, e antes que eu detonasse o violão meu pai me colocou para aprender a tocar com um professor particular. Quando conheci o professor, descobri que ele era cego e arrasava no violão, além disso, era professor de matemática da USP. Confesso que me espantei, mas fui tomado por uma admiração tão grande por ele, que ia a todas as aulas”.

“Meu primeiro verso foi um fracasso, eu ia às matinês do Santa Paula Iate Clube só para ver se eu deixava de ser BV, pelo menos no beijo. Eu gostava de uma menina chamada Sonia, e fiz uma letra inspirada em Chris Montez. Quando mal cantei a primeira frase e fui cantar a outra, ela já estava bem longe conversando com as amigas”, conta Leo.

Na época da ditadura, todas as suas músicas eram censuradas, e apesar da censura, aos 23 anos lançou seu primeiro LP denominado Phodas “C”, no segundo disco fez uma música em parcercia com o amigo Leoni chamada “Solange”, nome da censora das suas obras, assinando com o pseudônimo de Maria Conceição. Então como parecer a censora colocou a lápis: “Leo, não adianta mandar com outro nome por que conheço seu estilo”. E começa o espetáculo cantando “Solange”, seguindo com “Como Eu Quero” (Leoni), com a sequência de um fantástico solo de guitarra interpretando como poucos o rock and roll “Come As You Are” do Nirvana, passando para rock romântico “Mensagem de Amor“ (Herbert Vianna).

Encerrando a canção, chamou a Marina Lima. A sua entrada foi emocionante, com toda plateia aplaudindo de pé, e sob os aplausos entusiasmados ela entoou “Charme do Mundo” (Antônio Cícero e Marina Lima), acompanhada em coro pelo público, embalando com “Pessoa” (Cláudio Rabello e Dalto).

Marina interage com a plateia contando que faz seis anos que mora em São Paulo, e afirma que a cidade faz as pessoas olharem para dentro, se encontrarem. E conta que quando estava no começo da crise hídrica no Brasil, ela pensou “Se faltar água aqui em São Paulo, fodeu”, porque teria que voltar para o Rio de Janeiro, mas afirm que com certeza não pretende voltar. E em reconhecimento, compôs uma música para mostrar toda a crença e a vontade dessa cidade que a acolheu, chamada “Nova Caminhos”.

Marina se despede do público sob entusiasmados aplausos, e Leo retoma a interação com a plateia de forma descontraída e bem humorada brinca pedindo “para quem for gatinha que faça Miau”, repetindo o pedido por três vezes, e diante de um miado masculino, diz “no meio dessas gatinhas tinham um poodle”, e então, começou a cantar “Gatinha Manhosa” (Roberto e Erasmo Carlos). Continuando a brincadeira, pergunta “quem já foi pobre, quem já colocou palha de aço na antena da TV, quem lambeu a tampinha do iogurte?”, e da início a canção “O Pobre” (Leo Jaime e Herbert Vianna).

Ele ainda faz uma homenagem a Renato Russo, cantando “Será” (Dado Villa-Lobos, Renato Russo e Marcelo Bonfá), continua com “A Fórmula do Amor” (Leo Jaime e Leoni). E nesse momento encerra o show pedindo para todos se levantarem para dançar, e para serem felizes, cantando novamente “Gatinha Manhosa” e “Sônia” versão de Leo Jaime e Leandro de “Sunny”( B.Hebb ), sucesso nos anos 60 na voz de Chris Montez, e censurada certamente pela Dra. Solange.

Me surpreendi com o show e principalmente com o Leo Jaime, pois tinha alguns pré-conceitos com relação a ele, mas agora, passei a ser sua fã de carteirinha, pois estou encantada. Show incrível, divertido, música ótima e tudo graças ao artista completo que ele é. Principalmente, porque hoje ainda estou feliz, apesar dos pés doloridos de tanto dançar, e rouca de tanto cantar. Valeu Leo Jaime, valeu Marina! Agora é colocar os pés de molho e lembrar a noite incrível! Parabéns Alpha FM e Tom Brasil por produzir um show de excelente qualidade.

Fiquei com gostinho de quero mais!

Foto: Divulgação
Foto Marina Lima e Leo Jaime: José Rei Mallavazzi

Raquel Vera

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