Tetê Espíndola apresenta “Outro Lugar” no Sesc Pompeia

Nos dias 9 e 10 de setembro a cantora lança disco com músicas inéditas, uma trajetória por épocas e lugares…

 

 

 

 

O convite de Tetê é simples: coloque o disco pra ouvir (com headphones melhor ainda) em um daqueles bons momentos quando você pode se desligar do seu próprio cotidiano e dos acontecimento deste mundo em tempos tão barulhentos, para então imergir em cada tessitura sonora, pelos detalhes entre voz e instrumentos, mas principalmente, se permitir ir pra Outro Lugar.

Em Outro Lugar corre um rio atemporal, alimentado por riachinhos de diversos tempos. Este é o fio condutor do novo álbum de Tetê Espíndola, músicas sobrepostas por diversos momentos de sua carreira e vida, a “desaguar” em um disco de muitas épocas e lugares – físicos e emocionais.

“Cada um de nós tem que encontrar um lugar ou lugares dentro da gente mesmo, pode ser na loucura da cidade ou no meio da natureza. Encontrar a tranquilidade dentro de si mesmo. É a sina de todo ser humano, encontrar o seu lugar e a paz interior”, conta Tetê, que retorna com este registro de inéditas, três anos após o lançamento do último trabalho, Asas do Etéreo (2014).

Seu 18º disco de carreira traz 12 músicas inéditas, composições de Tetê com parceiros especiais e de longa data, como Marta Catunda, Bené Fonteles, Arrigo Barnabé, Geraldo Espíndola, Philippe Kadosch, Luisa Gimenez, o imortal Manoel de Barros (em poema musicado pela cantora) e Arnaldo Black, autor da música título. A direção musical é de Sandro Moreno, Adriano Maggo e Tetê, ambos parceiros de estrada. Produzido pela LuzAzul, o disco foi gravado em Campo Grande (MS), sua terra natal, em São Paulo e finalizado em Paris, com o francês Philippe Kadosch.

A capa traz um clique da filha, a cineasta Patricia Black, em ensaio fotográfico feito com intimidade de almas. O conceito e a direção de arte também são de Patrícia ao lado do designer Uibirá Barelli. No formato digipack, o CD ganhou luva plástica transparente, que completa a narrativa fluida do projeto gráfico.

Cada canção propõe nuances do território onde foi composta: São Paulo, Campo Grande, Bonito, Rondonópolis, Campos do Jordão, Brasília e Paris. Os músicos convidados revezam-se no decorrer do álbum, cada um com seu instrumento único, criando uma espacialidade étnica, ao mesmo tempo que juntos expandem os gêneros brasileiros. Sandro Moreno na percussão, Adriano Magoo no piano acústico e sanfona, Tuco Marcondes no sitar e tampura, Swami Jr no violão 7 cordas, Marcelo Loureiro na harpa paraguaia, Marcos Borges no ukulele, Félix Wagner no vibrafone, Rosalie Hartog na viola e violino, Mimi Sunnerstam no violoncelo e Emek Evci no baixo acústico. Tetê acompanha na craviola, instrumento que adotou desde os primórdios da carreira. Uma exploração timbrística em cada paisagem sonora percorrida.

Nesse Outro Lugar despontam músicas como Lamber Correnteza, um encontro entre melodia recém composta por Tetê com letra recém vivida por Bené. Anjo Só, que desde que estreou no palco, acompanha a cantora como um talismã. Luz e Anzol, letra do amigo Arrigo Barnabé há muito perdida num antigo caderno, ainda no começo de tudo, ganha música recente para reviver no contemporâneo. Assim como Itaverá, composição do irmão Geraldo criada nos anos 70, trazida na versão original e inédita. “Esta foi a primeira música que ele me ensinou a tocar na craviola”, conta Tetê.

Bodoque foi feita em etapas e parte dela surgiu numa viagem pelo interior do Mato Grosso ao som das cigarras. Boca, um poema de Manoel de Barros musicado por ela, grávida do primogênito Dani Black, para o filme Caramujo Flor (de Joel Pizinni). Nela, as vozes gravadas representam a harmonia da música que Tetê criou na craviola toda na tonalidade Ré. Elétrico Beijo foi presente de Kadosch, uma guarânia erudita inspirada na terra natal da cantora, quando ele visitou pela primeira vez o Mato Grosso, a letra surgiu e Arnaldo a finalizou.

São canções acima de tudo frescas e latentes na memória da alma de Tetê Espíndola, garimpadas pelos caminhos sonoros da artista, apontando para um Outro Lugar.
Tetê Espíndola
Lançamento do disco Outro Lugar
Sesc Pompéia
Teatro
Rua Clélia, 93 – Pompeia – São Paulo/SP
Tel.: 3871-7700
Capacidade: 800 lugares
Duração: 90 minutos
Sábado, 9 de setembro, às 21h00
Domingo, 10 de setembro, às 18h00
Classificação: Livre
Ingressos:
R$ 30,00 (inteira)
R$ 15,00 (meia-entrada: aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e servidor de escola pública com comprovante)
R$ 9,00 (Credencial Plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculados no Sesc e dependentes).
Acesso para deficientes
Não tem estacionamento

 

 

Tetê Espíndola
A cantora, compositora e instrumentista, ícone da MPB, tem 18 álbuns em sua discografia. Tetê adotou a craviola como companheira desde sua adolescência (instrumento de 12 cordas, idealizado pelo violonista Paulinho Nogueira), e é uma das raras instrumentistas a adotá-la. Em consonância com sua amplitude vocal, o timbre deste instrumento folk, que remete ao cravo renascentista, veio de encontro ao seu universo musical e reforçou o desenvolvimento de sua estética tão personalizada.

Ao longo de 30 anos de carreira ganhou prêmios, como o de Revelação da Associação de Críticos Paulistas (1982) com o disco emblemático “Pássaros na garganta”. Em 85, ganhou o Festival dos Festivais com a canção “Escrito nas Estrelas” que lhe valeu um disco de ouro e se tornou um clássico da música brasileira. Já circulou pelo Brasil e pelo mundo em carreira solo e também ao lado do DUOFEL, violonistas que formavam na época um afinado trio com Tetê. Já dividiu palco, gravações e composições com inúmeros artistas, entre eles Ney Matogrosso, Itamar Assumpção, Arrigo Barnabé, Clementina de Jesus, Zé Ramalho, Egberto Gismonti, Zeca Baleiro, Hermeto Pascoal e Zélia Duncan.

Seu repertório habitual abre um leque experimental que vai da música de raiz com polcas, guarânias do Centro Oeste brasileiro (sua terra natal), grandes clássicos da MPB e músicas como Escrito nas Estrelas, Vida Cigana e Na Chapada.

Fundou seu próprio selo, a LuzAzul, em 1991. A extensa discografia da cantora soma discos solos e tantos outros em parcerias, como o ao vivo gravado com sua irmã Alzira Espíndola (ANAHÍ) num momento especial em que se dedicam aos clássicos do cancioneiro genuinamente sertanejo. Vale citar o “VOZVOIXVOICE” gravado em Paris, com composições e arranjos de Philippe Kadosch, onde ela registrou 128 emissões de vozes, usando toda a sua tessitura vocal (lançado no Brasil e na Europa). Em 2013, lançou pelo selo SESC um álbum duplo, contendo a versão remasterizada do “LP Pássaros na Garganta” (de 1982) e o CD inédito “Asas do Etéreo” (2014), comemorando os 30 de “Pássaros na Garganta”. Agora lança Outro Lugar, seu mais novo registro de inéditas.

Fotos: Patricia Black

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