A MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo faz sua 5ª Edição

A Mostra inaugura sua programação no dia 1° de março, no Auditório Ibirapuera – Oscar Niemeyer, em São Paulo, com a montagem Suíte n°2, do diretor francês Joris Lacoste (artista em foco desta edição), e segue até o dia 11, ocupando diversos espaços da cidade e com a participação de artistas nacionais e internacionais atuando nos seus eixos: Mostra de Espetáculos, Ações Pedagógicas, Olhares Críticos e MITbr – Plataforma Brasil – uma das novidades dessa edição…

 

 

 

 

A MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo lança a programação de espetáculos, atividades reflexivas e pedagógicas de sua quinta edição, que acontece de 1 a 11 de março de 2018, ocupando vários espaços da cidade de São Paulo. Serão nove montagens com a participação de artistas de vários países, como Alemanha, Argentina, França, Polônia, Reino Unido, Suíça, Uruguai, entre outros. O espetáculo Suíte n°2, dirigido pelo francês Joris Lacoste, o artista em foco dessa edição, faz a abertura no dia 1 de março no Auditório Ibirapuera, e o encerramento é a performance A Gente Se Vê Por Aqui, dirigida pelo artista brasileiro Nuno Ramos, com duração de 24 horas, entre o Fantástico (o programa dominical, do dia 11 de março, até o Jornal Nacional do dia seguinte (segunda-feira, dia 12 de março).

A quinta edição da MITsp tem apresentação do Ministério da Cultura – Governo Federal e Banco Itaú, realização da Associação Olhares Instituto Cultural, ECUM Central de Produção, Itaú Cultural, Sesc, SESI-SP e correalização da Secretaria Estadual de Cultura – Governo do Estado de São Paulo, SESI-SP, Instituto Adam Mickiewicz da Polônia, Consulado Geral da França em São Paulo, Institut Français Brasil, Pro Helvetia, APEX, Goethe-Institut São Paulo e British Council Brasil.

Dois dos mais significativos diretores contemporâneos, o suíço Christoph Marthaler e o polonês Krystian Lupa – ambos pela primeira vez em São Paulo – são destaques da programação desta quinta edição da MITsp, com os espetáculos King Size e Árvores Abatidas – respectivamente, considerados trabalhos importantes de seus repertórios.

A MITbr – Plataforma Brasil inaugura um novo eixo fundamental na mostra de 2018. Programa de internacionalização das artes cênicas brasileiras, a ação acontece, nessa edição, como um projeto piloto, visando promover um conjunto de oito produções contemporâneas nacionais que foram destaque entre 2017 e início de 2018. Com curadoria de três experts da área – Christine Greiner, Felipe Assis e Welington Andrade – os espetáculos selecionados serão convidados para se apresentarem na quinta edição da MITsp para programadores de festivais nacionais e internacionais. A iniciativa representa um passo importante para a expansão do reconhecimento do teatro brasileiro no cenário internacional, fomentando sua circulação e visibilidade.

Por esse mesmo caminho, dentro do eixo Ações Pedagógicas, a artista e produtora croata radicada na Espanha, Iva Horvat dará um workshop gratuito para artistas brasileiros, Internacionalização de espetáculos, que trata de estratégias de divulgação e de circulação internacional de espetáculos.

 

MITSP: Diálogos, Parcerias e Experimentações
Desde a primeira edição, Antônio Araújo (Teatro da Vertigem) e Guilherme Marques (CIT-Ecum- Centro Internacional de Teatro Ecum), idealizadores da MITsp – diretor artístico e diretor geral de produção, respectivamente – tinham a ideia de reunir em um festival espetáculos de impacto na experimentação e na investigação da linguagem cênica.
Em seu quinto ano consecutivo, essa perspectiva continua guiando a curadoria dos trabalhos apresentados e as propostas de diálogos nos eixos Mostra de Espetáculos, Ações Pedagógicas e Olhares Críticos e no novo MITbr – Plataforma Brasil. As montagens convidadas para 2018 são todas inéditas no Brasil e trazem artistas de diversos países – muitas companhias e projetos unem pessoas de diferentes nacionalidades.

Temas – Os espetáculos estão inseridos em temáticas que permearam as escolhas feita pelos curadores: “História, memória e política”, “A palavra como Protagonista”, “Reverberações entre Teatro e Música” e “Migrações e Deslocamentos”.

O primeiro deles, “História…” , conta com as obras Campo Minado (Lola Arias), sal. (Selina Thompson) e País Clandestino (Florencia Lindner, Jorge Eiro, Lucía Miranda, Mäelle Poésy e Pedro Granato). Essas obras propõem olhares e evocam lembranças e falas para tratar das reminiscências de diferentes formas, sejam de guerras, colonialismo ou realidades atuais. Revelam, assim, seus desdobramentos ainda presentes nos nossos dias, reacendendo discussões com pontos de vistas de pessoas comuns, pontuando questões políticas e afetivas. Em diálogo com a proposta de Campo Minado e de País Clandestino, os diretores dos espetáculos farão workshops para artistas brasileiros – Meus Documentos e Memórias Clandestinas, respectivamente – dentro das Ações Pedagógicas. Nessas atividades sugerem experiências cênicas de investigações, por meio de diversos materiais, a partir de história pessoais.

“A palavra como Protagonista” compreende os trabalhos Suíte nº2 (Joris Lacoste), Árvores Abatidas (Krystian Lupa) e A Gente Se Vê Por Aqui (Nuno Ramos). O polonês Krystian Lupa é nome fundamental nesta edição. Sua montagem, baseada no texto homônimo do autor Thomas Bernard, coloca em cena o refinamento de sua técnica no trabalho de atores e do texto.

De diferentes modos, esses espetáculos exploram a palavra, as possibilidades de comunicação, sua escuta, seus ruídos e seus silêncios. Suíte n°2, projeto do francês Joris Lacoste, representa de forma explicita essa ideia. Seu espetáculo questiona e submete as palavras a um jogo de formas, repetindo-as seguidamente, cantando, falando muito rápido, até que seus sentidos ganhem novas ideias ou percam sua ideia original.

“Reverberações entre Teatro e Música” é outra frente da curadoria e traz as peças King Size (Christoph Marthaler) e Hamlet (Boris Nikitin). É foco da MITsp, em todos os anos, obras que reúnam teatro, música, dança, instalações e outras formas de expressão. King Size, da companhia suíça Théâtre Vidy-Lausanne, dirigido por Christoph Marthaler, é um exemplo de espetáculo em que a música está em diálogo com o teatro, característica da pesquisa intensa do diretor em sua carreira; ou Hamlet, do dramaturgo e diretor Boris Nikitin, que transporta a tragédia de Shakespeare para os dias atuais, usando recursos como a música – além de cantar, um quarteto barroco está no palco – e a performance.

“Migrações e Deslocamentos” finaliza os campos de curadoria com o espetáculo Palmira (Bertrand Lesca e Nasi Voutsas) e as obras de AudioReflex (Ariel Efraim Ashbel, Rita Natálio e Claudia Bosse). Palmira coloca em cena vingança e de política de destruição.

Em parceria com o Goethe-Institut São Paulo e o festival SpielArt, o projeto AudioReflex tem como ponto de partida a migração e a integração dos imigrantes e uniu artistas ativos no Brasil e na Alemanha, com a curadoria de Sigrid Gareis, para produção de uma performance auditiva sobre suas experiências com o tema. Em um primeiro momento, três artistas compuseram três obras em Munique e agora é a vez de os outros três virem ao Brasil para seu mergulho no tema e criação de suas performances para o Museu da Imigração e outros espaços, onde farão suas pesquisas e suas áudio-obras.

 

As Ações Pedagógicas e Olhares Críticos, eixos fundamentais na percepção da MITsp, também discutem questões políticas em suas ações:

Com curadoria de Luciana Romagnolli e Daniele Ávila Small, Olhares Críticos coloca em evidência, entre as ações já confirmadas nas Reflexões Estético-Políticas, o tema “O estatuto da arte no Brasil contemporâneo: liberdade, alteridade, mediação”, discutindo a censura e a violência, tendo em vista o debate público nas artes em 2017. Completam ainda ações previstas para acontecer: os Diálogos Transversais, o Pensamento-em-Processo, o Espaço de Ensaios e a Prática da Crítica.

As Ações Pedagógicas, com curadoria de Maria Fernando Vomero, inauguraram as atividades da MITsp com abertura de inscrições para workshops e a residência da alemã Susanne Kennedy, que esteve presente na edição passada com o espetáculo Por que o Senhor R. Enlouqueceu? e volta para trabalhar com artistas brasileiros. Ao longo de três semanas, os participantes se aproximarão de sua linguagem cuja ideia principal é o trabalho com novas formas de linguagem verbal aliadas à precisão das expressões corporal e vocal. Outros workshops também estão previstos, entre eles, Internacionalização de espetáculos, com a croata radicada na Espanha Iva Horvat; Meus Documentos, com a argentina Lola Arias; Des–normatividade: possibilidades criativas de expressão, com a sueca Liv Elf Karlén, Intersecções entre poéticas não-verbais, com os brasileiros Aby Cohen e Renato Bolelli Rebouças, além de Enciclopédia da Fala, com o francês Joris Lacoste, e um workshop especial com Krystian Lupa, que deve trabalhar com jovens atores e encenadores brasileiros.

Este ano, o desejo de expansão das atividades do eixo pela cidade se concretiza com workshops em diferentes pontos, como na Fábrica de Cultura Brasilândia e no Pombas Urbanas.

 

Mostra de Espetáculos

Espetáculos e performance
A escritora, dramaturga e artista Lola Arias traz à quinta edição da MITsp um espetáculo de grande potência cênica. Lola traz o inédito Campo Minado em que discute de forma inovadora a Guerra das Malvinas, uma ferida ainda aberta no seu país. Para tanto, coloca lado a lado três ex-combatentes argentinos e três ingleses.

Campo Minado, um projeto que reúne argentinos e ingleses veteranos da Guerra da Malvinas, investiga o que permaneceu na memória desses combatentes, passados mais de 35 anos do conflito armado. O palco, transformado em um set de filmagem, funciona como uma máquina do tempo, para reconstruir suas experiências de guerra. O único laço entre eles é o fato de serem veteranos. Mas o que é esse papel? Um sobrevivente, um herói, um louco?

Com os seis atores/personagens em cena, Campo Minado examina as marcas deixadas pela guerra, a relação entre a experiência e a ficção e as formas de representação da memória. Acompanhados de uma banda, o espetáculo faz dessas vivências recordadas uma tentativa de reconstruir a história a partir desses pontos de vistas.

Um solo feminino é o ponto de partida para sal., espetáculo com a atriz Selina Thompson, estabelecida no Reino Unido. Vencedora de vários prêmios por sua atuação, o espetáculo recobra a memória a partir de uma viagem idealizada pela artista para falar de sofrimento, ancestralidade, lar, esquecimento e colonialismo.

Em sal.,a atriz narra o percurso de dois artistas que embarcaram em um navio cargueiro para refazer uma das rotas do Comércio Transatlântico de Escravos: do Reino Unido a Gana e, de lá, à Jamaica. As memórias, questionamentos e sofrimentos desse trajeto, realizado em fevereiro de 2016, levaram os artistas às profundezas do Atlântico e ao universo de um passado imaginário. O espetáculo sal. é uma leitura do que eles trouxeram de volta. Como a história e as relações coloniais permanecem em nosso cotidiano? Um espetáculo sobre fazer parte de uma diáspora, que nos leva a pensar onde nos encaixamos e quais mudanças estão por vir. Uma performance dura e sensível, a um só tempo, que fez uma crítica no jornal britânico de The Guardian declarar: sal.”oferece o dom de ver o mundo através de diferentes olhos”.

País Clandestino, um projeto de inúmeras fronteiras, feito por cinco diretores, de diferentes países. Também trata de pertencimento e reflete sobre política, história e arte a partir do ponto de vista de cada um dos autores/atores. Maëlle Poesy (França), Jorge Eiro (Argentina), Lucía Miranda (Espanha), Pedro Granato (Brasil) e Florencia Lindner (Uruguai) conheceram-se em Nova York durante um intercâmbio no Directors LAB do Lincoln Center, em 2014. Essa experiência e a diversidade de pontos de vista (artísticos e políticos) levou-os a continuar o intercâmbio por mais de dois anos de forma virtual.

O espetáculo, posto como autodocumental, traz em sua criação os artifícios tecnológicos utilizados durante a construção da obra – que foi feita entre três residências artísticas, e-mails e muitas reuniões via Skype. Em cada encontro, falavam sobre suas práticas teatrais, o contexto artístico e político em que cada um vivia em seu país e fantasiaram a ideia de realizar um projeto a cinco mãos. O resultado será apresentado no Brasil pela primeira vez.

Julian Meding é o performer e músico eletrônico que, acompanhado por um quarteto barroco, interpreta Hamlet, do dramaturgo e diretor Boris Nikitin, que transformou a peça de Shakespeare num espetáculo que transita entre a performance e os teatros documentário, musical e experimental. Meding interpreta um Hamlet revoltado contra a realidade e também contra a plateia – como em Shakespeare, Hamlet se revolta contra sua corte real -, misturando detalhes de sua história de vida com a ficção. Durante a apresentação de Hamlet, o performer que canta electropunk bruto, esboços de canções cover, uma balada de Hollywood; músicas como fragmentos de emoções. O público, que ora é zombado, ora é seduzido, se percebe na zona de conflito entre ilusão e realidade, indivíduo e sociedade.

O suíço Boris Nikitin é um prestigiado diretor e dramaturgo. Suas produções refletem sobre a representação e a produção de realidade e identidade na política, na economia, na religião, nas artes e nas histórias pessoais. As peças, os textos e as curadorias realizadas por Nikitin buscam constantemente o limite entre a performance e o teatro-ilusão, destacando os lugares ambíguos e potenciais da individualidade e da capacidade de atuação.

Palmira, o trabalho do grego Nasi Voutsas e do francês Bertrand Lesca, usa o nome da cidade Síria – Patrimônio Mundial da Humanidade da Unesco – para tratar de vingança e de política de destruição. Contemplado pelo prêmio Total Theatre Award 2017, durante o Festival de Edimburgo, pela inovação, experimentação e exploração de formatos, é um drama político que mistura o fato e a ficção. A antiga cidade de Palmira foi uma das mais preservadas do mundo e recebia turistas que vinham de todos os cantos do mundo para contemplar os icônicos templos de Bel e Baalshamin e o Arco do Triunfo. Até 2015, quando durante a Guerra Civil o Estado Islâmico tomou o controle da cidade, destruiu seus templos, saqueou suas sepulturas e utilizou seu anfiteatro para realizar execuções. O trabalho questiona o que consideramos bárbaro, quais os limites dessa “civilização”.

Bertrand Lesca e Nasi Voutsas trabalham juntos desde 2015 e são artistas Associados ao MAYK – uma organização produtora de teatro, localizada em Bristol, na Inglaterra, interessada em novos formatos cênicos. Os dois são criadores de Eurohouse (2016), também premiado, e com mais de 50 apresentações até agora.

Reconhecido como um dos encenadores contemporâneos mais importantes, o diretor suíço Christoph Marthaler vem pela primeira vez a São Paulo. Com uso altamente expressivo da música em suas peças, ele apresenta King Size, um trabalho com três atores/cantores em cena, com um tom entre a melancolia e a comédia.

King Size é uma forma que Marthaler usou ao longo de sua carreira – um modo não convencional de encenar com música. Ao longo de 22 músicas de um longo período da história musical – que vai de Schumann até a The Jackson 5 -, um homem e uma mulher, acompanhados por uma senhora mais velha, entoam essas canções tendo como cenário um quarto de hotel com uma cama king size, decorado em tons de azul e florais. As ações desses personagens assumem dimensões cômicas, seja quando eles dançam ou usam vozes líricas para cantar músicas pop. Mesmo que o efeito seja inicialmente estranho, ele logo se conecta à uma realidade sensível, ligada às relações humanas, destacando sentimentos que se misturam entre sonho e realidade. Solidão, convenções grotescas e as trágicas vidas cotidianas são evidenciadas com ternura, melancolia e humor. “Você vai sair em uma pequena nuvem, depois de uma hora e meia de felicidade, como apenas o diretor suíço pode fazer: uma felicidade rara e macia, como os passos laterais que a vida oferece quando está pronto para sorrir e cantar”, declarou uma crítica do francês Le Monde.

Como Marthaler, o polonês Krystian Lupa é outro grande destaque na Mostra, também considerado um dos maiores diretores contemporâneos. Logo nos seus primeiros trabalhos já indicou uma direção para sua forma de ler e conduzir os textos: o interesse nas relações humanas, representado no palco por meio de um jogo psicológico sutil e por sua habilidade em tornar o silêncio parte da cena.

Seu recente trabalho, Árvores Abatidas, adaptação do livro de Thomar Bernard, é considerado por críticos uma obra-prima do seu repertório, e coloca em cena um grupo de antigos amigos. O reencontro acontece depois que um deles cometeu suicídio. Eles não são mais os mesmos e a boêmia e a rebeldia do passado desapareceram, dando lugar ao dinheiro, aos confortos e aos importantes cargos. A reunião se torna uma oportunidade para falar sobre medos profundos e subconscientes, para examinar o passado e colocar em palavras as queixas, as feridas e as demandas desse grupo de adultos desiludidos. É um trabalho que vem arrebatando a crítica pelo mundo, como nesta declaração do jornal espanhol La Vanguardia: “A verdade é que Krystian Lupa realizou um trabalho dramatúrgico fascinante. Para começar, apresenta o grupo em conformidade com uma constante imobilidade, como figuras profundamente derrubadas pelo próprio mundo decrépito onde convivem. É um coletivo considerado pelo autor a partir de uma margem exterior à cena e de onde Lupa sublinha algumas personalidades, através das imagens de enorme expressividade. Em tudo, incluindo a direção dos atores, o polonês é, mais uma vez, magistral”.

O francês Joris Lacoste, que abre a Mostra este ano, combinando alternadamente literatura, teatro, artes visuais, música, poesia sonora, tem uma forte dimensão de pesquisa. Escreve para o rádio e para o teatro e já teve seu trabalho encenado no Centro Pompidou, em Paris. Suíte n°2 é a segunda peça da série A Enciclopédia da Palavra que o diretor vem realizando desde 2007 com artistas de diferentes disciplinas, linguistas, etnólogos, musicólogos, especialistas em som, entre outros. O conceito do projeto é recolher todas as palavras possíveis, provenientes de todos os lugares, pronunciadas em todas as línguas e em todas as circunstâncias, cada uma com seu sentido, com seu efeito no mundo – desde discursos de presidentes até áudios ditos em cabines de avião. A partir disso, as orquestra e as transforma em cena.

Neste espetáculo, as palavras se encontram pela primeira vez nas vozes de um quinteto de atores/cantores com enorme potência técnica da voz. As palavras se deslocam em ritmos e sons e ganham outros significados. “Palavras que são ações. Palavras que são boas e palavras que são assustadoras. Palavras que lutam, sofrem, esperam, se regozijam, se revoltam, se tranquilizam. Palavras que dançam e palavras que fazem amor. Palavras que decidem, ameaçam, condenam, matam. Palavras que reúnem e palavras separadas. Palavras que dizem obrigado. Palavras que exigem pena. Palavras que se recusam. Palavras dadas, palavras mantidas, palavras traídas…”

O artista brasileiro Nuno Ramos é o responsável pelo encerramento da MITsp, com a performance A Gente Se Vê Por Aqui. Nela, durante 24 horas – com início durante o programa Fantástico, da Rede Globo, e o término durante o Jornal Nacional do dia seguinte, da mesma emissora – dois atores estarão no palco, acompanhados com um kit-sobrevivência (banheiro químico, comida, fogão, forno de micro-ondas, filtro, sofá, colchão, aparelhos fitness, etc.). Além disso, têm à disposição jogos, adereços, passatempos, materiais de limpeza. Usam o tempo todo dois fones de ouvido grandes, que os isolam da plateia, e dois microfones portáteis que amplificam suas vozes. Continuamente, durante as 24 horas que vivem ali (cozinhando, indo ao banheiro, passando o tempo como inventarem), recebem o áudio da programação da Globo e interpretam, parodiam, improvisam e/ou ‘novelizam’ seu conteúdo.

Escultor, pintor, desenhista, cenógrafo, ensaísta, videomaker, o paulista Nuno Ramos é reconhecido desde os anos 1980 como um dos nossos principais criadores no campo das artes plásticas, Formou-se em filosofia na USP – Universidade de São Paulo e, em 2009, seu livro Ó, uma reunião de “falsos ensaios”, como ele mesmo define, foi o vencedor do Prêmio Portugal Telecom de Literatura. Sua performance-vigília na internet, em protesto à anulação do julgamento dos 111 mortos do Carandiru, teve mais de um milhão de público.

 

Programação

Suíte n°2
Auditório Ibirapuera – Oscar Niemeyer
Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº – Pq Ibirapuera
Tel.: 3629-1075
Capacidade: 800 lugares
Quinta-feira, 1º de março, às 20h
Sexta-feira, 2 de março, às 21h
Sábado, 3 de março, às 21h
Duração: 1h25 minutos
Recomendação: 14 anos

 

Campo Minado
Teatro Sesi SP
Av. Paulista, 1313 – Cerqueira César
Tel.: 3146-7439
Capacidade: 456 lugares
Quinta-feira, 1º de março, às 20h
Sexta-feira, 2 de março, às 20h
Sábado, 3 de março, às 20h
Domingo, 4 de março, às 18h
Duração: 1h40 minutos
Recomendação: 14 anos

 

Árvores Abatidas
Sesc Pinheiros
Teatro Paulo Autran
Rua Paes Leme, 195 – Pinheiros
Tel.: 3095-9400
Capacidade: 492 lugares
Sexta-feira, 2 de março, às 18h
Sábado, 3 de março, às 18h
Domingo, 4 de março, às 17h
Duração: 4h40 minutos
Recomendação: 14 anos

 

King Size
Sesc Vila Mariana
Teatro
Rua Pelotas, 141 – Vila Mariana
Tel.: 5080-3000
Capacidade: 400 lugares
Sábado, 3 de março, às 21h
Domingo, 4 de março, às 18h
Terça-feira, 6 de março, às 21h
Duração: 1h20 minutos
Recomendação: 12 anos

 

Palmira
Teatro Sérgio Cardoso
Sala Paschoal Carlos Magno
Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista
Tel.: 3288-0136
Capacidade: 144 lugares
Segunda-feira, 5 de março, às 21h
Terça-feira, 6 de março, às 21h
Quarta-feira, 7 de março, às 21h
Duração: 1h
Recomendação: 12 anos

 

sal.
Itaú Cultural
Av. Paulista, 149 – Bela Vista
Tel.: 2168-1777
Capacidade: 254 lugares
Quarta-feira, 7 de março, às 21h30
Quinta-feira, 8 de março, às 21h30
Sexta-feira, 9 de março, às 20h
Sábado, 10 de março, às 20h
Duração: 1h
Recomendação: 14 anos

 

Hamlet
Faap
Rua Alagoas, 903 – Higienópolis
Tel.: 3662-7232
Capacidade: 500 lugares
Terça-feira, 6 de março, às 21h
Quarta-feira, 7 de março, às 21h
Quinta-feira, 8 de março, às 21h
Duração: 1h30
Recomendação: 14 anos

 

País Clandestino
Teatro Cacilda Becker
R. Tito, 295 – Lapa
Tel.: 3864-4513
Capacidade: 198 lugares
Sexta-feira, 9 de março, às 21h
Sábado, 10 de março, às 21h
Domingo, 11 de março, às 18h
Duração: 1h10
Recomendação: 14 anos

 

A Gente Se Vê Por Aqui
Teatro Galpão do Folias
Rua Ana Cintra, 213 – Santa Cecília
Tel.: 3361-2223
Capacidade: 80 lugares
Dias 11 e 12 de março, a partir das 21h até às 21h do dia 12 de março (Os horários de início e encerramento da performance podem não ser exatos, porque seguem a grade de programação da Rede Globo)
Duração: 24 horas
Recomendação: 14 anos

 

AudioReflex
Museu da Imigração
Rua Visconde de Parnaíba, 1316 – Mooca
Tel.: 2692-1866 
Abertura dia 3 de março até 11 de março como parte da MITsp. As obras permanecerão no Museu.
Recomendação: livre

 

*Acompanhe a programação dos espetáculos no Flertaí.

Foto destaque – Cena do espetáculo “Campo Minado”: Sofia Medici
Foto AudioReflex /  Ariel Ashbel: Alona Rodeh All White People
Foto sal. / Selina Thompson: Emma Beverley
Foto País Clandestino: Ariane Cuminale
Foto Hamlet: Annet Hardegen
Foto Palmira: Alex Brenner
Foto King Size: Tristan Pannatier
Foto Arvores Abatidas: Michał Grudziński
Foto Suíte nº 2: Florian Leduc
Foto A Gente Se Vê Por Aqui: Pingo Alabarce

 

Ficha Técnica
Idealização e Direção Artística: Antônio Araújo
Idealização e Direção Geral de Produção: Guilherme Marques
Diretor de Relações Institucionais: Rafael Steinhauser
Relações Internacionais: Jenia Kolesnikova e Natália Machiaveli
Curadoria dos Olhares Críticos: Daniele Avila Small e Luciana Romagnolli
Curadoria de Ações Pedagógicas: Maria Fernanda Vomero
Curadoria Plataforma MITbr: Christine Greiner, Felipe de Assis e Welington Andrade
Coordenação Executiva de Produção: Rachel Brumana
Coordenação Administrativa e Financeira: Patrícia Perez
Coordenação de Comunicação: Marcia Marques | Canal Aberto
Coordenação de Relações Públicas: Carminha Gongora
Coordenação Técnica: André Boll
Coordenação de Logística: Marisa Riccitelli Sant´ana
Coordenação dos Olhares Críticos: Andreia Duarte
Coordenação do Coletivo de Críticos: Julia Guimarães
Produtora Associada da MITbr: Carla Estefan
Relações Institucionais e Coordenação do Seminário MITbr: Andrea Caruso Saturnino
Produtores Locais de Montagem: Andrea Caruso Saturnino, Ariane Cuminale, Dora Leão, Julia Gomes, Julio Cesarini, Patricia Souza Ceschi, Pedro de Freitas, Olivia Maia Barcellos, Ricardo Frayha
Coordenadores Técnicos de Montagem: Cauê Gouveia, Fernanda Guedella, Melissa Guimarães, Rodrigo Campos
Produção e Tradução dos Olhares Críticos e Ações Pedagógicas: Fernando Zugno e Richard Santana
Assessoria Jurídica: José Augusto Vieira de Aquino
Assistente de Relações Internacionais: Fernando Ruiz Braul
Assistentes de Comunicação: Daniele Valério, Flávia Fontes e Kelly Santos | Canal Aberto
Assistente de Coordenação Executiva de Produção: Paulo Girčys
Assistente de Relações Públicas: Marina Watanabe
Assistente de Coordenação Técnica: Marta Cesar
Assistente de Coordenação de Logística: Luiza Meira Alves e Paula Malfatti
Assistente de Coordenação Olhares Críticos: João Moreira
Assistente de Coordenação Financeira: Hiago Marques
Promoção e Difusão dos Olhares Críticos e Ações Pedagógicas: Eliana Monteiro
Estagiário dos Olhares Críticos e Ações Pedagógicas: Tom Vieira
Redes Sociais: Ana Beatriz Resende e Everton Felisberto | Menu da Música
Edição, Redação e Supervisão de Conteúdo Editorial: Pollyanna Diniz
Tradução de Conteúdo Técnico e Editorial: Patrícia Lopes
Revisão de Conteúdo Editorial: Grená Conteúdo Multiplataforma
Projeto Gráfico: Patrícia Cividanes
Colaborador: Fause Haten
Autores do Logotipo Original da MITsp (2014): André Cortez e Regina Cassimiro
Autora do Logotipo MITsp Versão 2018: Patrícia Cividanes
Assistente de Arte: Osvaldo Piva
VT Institucional: Natália Machiaveli
Secretaria MITsp: Daniella Dantas
Serviços Gerais: Cássia Nunes e Jair Nascimento

Empresas e Instituições Parceiras:

Apresentação
Ministério da Cultura
Banco Itaú

Patrocínio
Sabesp

Copatrocínio
Porto Seguro

Realização
Olhares Instituto Cultural
ECUM Central de Produção
Itaú Cultural
Sesc
Ministério da Cultura – Governo Federal

Correalizadores
Secretaria Estadual de Cultura – Governo do Estado de São Paulo
SESI SP
Instituto Adam Mickiewicz da Polônia
Consulado Geral da França em São Paulo / Institut Français Brasil
Pro Helvetia/ fundação suíça para cultura
APEX
Goethe-Institut São Paulo
British Council Brasil

Apoio cultural
PROAC
Secretaria Municipal de Cultura – Prefeitura do Município de São Paulo
Folha de S.Paulo

Parcerias
Auditório Ibirapuera – Oscar Niemeyer / Secretaria do Meio Ambiente, Teatro Sergio Cardoso / APAA, Teatro Faap, Casa do Povo, Kon Swed Arts Grants Comittee, Embaixada da Suécia, Embaixada da Espanha, CCSP, Poiesis/Oficina Cultural Oswald de Andrade, Memorial da Resistência, Museu do Imigrante, SP Escola de Teatro, Fábricas de Cultura, Núcleo de Festivais Internacionais de Artes Cênicas do Brasil, Santiago A Mil, Spielart Festival, Panorama Festival

Leis de Incentivo à Cultura
Lei Federal de Incentivo à Cultura

1 comentário em “A MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo faz sua 5ª EdiçãoAdicione o seu →

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *