Musical jovem, Das ruas, um Orfeu de Mochila é encenado ao vivo online

Orfeu é o típico jovem paulistano que toca pandeiro, tem pressa e anda pelas ruas com sua mochila pesada nas costas, jeans e bota. Ao som de samba, funk, rap, pop e gospel, a mitologia grega é Transposta para a realidade das periferias com ritmo ágil e dinâmico…

 

 

 

Da mitologia grega para as periferias paulistanas, a dramática história de amor de Orfeu e Eurídice ganha vida nas periferias paulistanas. Encenado pelo grupo Tô em Outra Cia e dirigido ao público jovem, na faixa entre 12 e 29 anos, o espetáculo Das Ruas, um Orfeu de Mochila – o Musical faz apresentações no formato digital nos dias 1 e 2, 8 e 9, 15 e 16 de março, segundas e terças, às 20 horas, com ingresso gratuito. A encenação acontece ao vivo com atores e banda no palco do Viga Espaço Cênico. As transmissões serão pelo Youtube e redes sociais do grupo.

O herói grego da montagem atual é o jovem mais desejado da região, enquanto a sua amada é uma visitante que atrairá olhares impiedosos na comunidade. Separados por um rio, eles lutarão pelo seu amor em um caminho cheio de pedras e obstáculos cruéis.

O enredo original, criado por Andreza Rodrigues e Thuane Campos, aposta na mescla da fantasiosa mitologia grega com a dura realidade da população menos favorecida nos centros urbanos. As personagens da narrativa de Orfeu são representadas por moradores de uma comunidade carente de São Paulo.

O espetáculo é composto por 15 músicas e tem uma 1h20 de duração. Tendo como pano de fundo a história dos dois amantes que se apaixonam perdidamente, o grupo propõe uma importante reflexão sobre a realidade das periferias e do jovem negro com poucas oportunidades na vida. Os temas abrangem a mídia, a estrutura de saúde pública, o protagonismo negro e a criminalidade nas regiões onde as personagens moram e trabalham. A descoberta do amor, o início da vida profissional e as relações estabelecidas com o tráfico são outros assuntos abordados no espetáculo.

Jorge Alves, diretor artístico, ressalta que a peça trata, ainda, da importância de ter cada vez mais protagonistas negros no teatro musical brasileiro. “O elenco, em sua maioria atores profissionais negros, interrompe um estereótipo de espetáculos desta estética, em que quase 90% das produções não tem atores negros.” Orfeu se apaixona por Eurídice. Cada um mora de um lado do rio. A força que impulsiona o jovem a ir em busca de sua amada deixa claro que é preciso mais que amor para se transitar como cidadão no caos urbano. O amor de Orfeu por Eurídice, então, fere a rotina da comunidade e seus moradores reivindicam que tudo volte ao normal. O enredo pretende mostrar, assim como as tragédias gregas, que não devemos depender de um “herói” para busca da felicidade, do amor e da amizade, mas com a união do coletivo, tudo pode ser conquistado e trazer benefícios pessoais.

Escrito em 2012 e apresentado por dois anos em periferias e no Interior do Estado com o apoio do projeto Vizinho Legal, ação social da Roche Brasil na comunidade do Jaguaré, e com o patrocínio do Programa Aprendiz Comgás (PAC), iniciativa da Comgás em parceria com a Associação Cidade Escola Aprendiz. Em 2018, o musical ganhou sete prêmios com voto popular nas categorias Melhor Ator e Atriz Codjuvante, Melhor Ensamble, Melhor Coreografia, Melhor Cenário e Figurino e Melhor Texto Adaptado no III Prêmio MP de Teatro Musical Independente.

 

Sobre as personagens
Pensado para ecoar os sentimentos das personagens, o coro é a voz do povo, o narrador. “Como quando estamos no metrô ou no ônibus, cercados, por uma grande multidão que segue o mesmo caminho”, comenta Jorge. É o pessoal da comunidade brincando de contar história. Como se quisessem dizer: “Ei, vamos brincar de teatro?”. E ali iniciam a atuação.

Orfeu é o típico jovem paulistano, anda com sua mochila pesada pelas ruas, tem pressa, uma pressa de amor e de recuperar a vida de Eurídice. Todos no coro também usam mochilas, carregam histórias e tem pressa. Assim como no mito, ele também toca um instrumento. Neste musical, o pandeiro, que representa um refúgio para todos, alegrando e animando todos a seguir em frente. Quando Orfeu para de tocar, todos se mantém em luto com ele.

Eurídice é um ser lúdico, carrega balões no pulso e ao mesmo tempo tem o pés no chão. Determinada, ela sai de muito longe pra conseguir sua independência todos os dias. E nesse caminho encontra Orfeu. Dandara, mãe de Orfeu, é alegre e querida por todos. A Menina do Trem é a pivô que faz a tragédia acontecer. Apaixonada por Orfeu ela o persegue. Inconformada, vive estacionada na vida. Aristeu, irmão da Menina do Trem, é prático e direto. Trabalha com coisas escusas na comunidade. Demonstra em pequenos fragmentos afeto pela irmã.

A mãe de Aristeu é o inverso de Dandara. Uma mãe cansada das confusões de seus filhos e que não tem voz ativa. Tem ainda o Youtuber, o cara que deixa a galera ligada no que está acontecendo. Ele narra e participa dos “vídeos” dos amigos. Completa o elenco de personagens o Mister Master, o sensacionalista, apresentador de um reality show onde a tristeza vira ibope. Ele não quer saber se vai ajudar ou não: jogo é jogo e ele só quer vencer a concorrência.

 

Cenário
O cenário surgiu a partir do tema “cidade cinza” para englobar os centros urbanos. Um painel de jornal, ao fundo, representa a aceleração das pessoas e o mundo sem emoção. Seis caixotes dão agilidade na montagem de ambientes. Outros quatro caixotes são as casas da favela, com lâmpadas e formas de janelas.

 

Figurino, luz, música
O figurino é urbano e moderno. O coro usa texturas e cores.Antagonista e protagonistas vestem as mesmas peças com propostas diferentes. Eurídice é mais colorida que a Menina do Trem. O sonhador com pés no chão, Orfeu aparece de jeans e calça botas pesadas.

A luz cria espaços mais realistas que lúdicos, com exceção de alguns momentos em que, de forma mais abstrata, representa sonhos e oculta as identidades dos corpos em cena. Possui variações de movimentos para acompanhar o acelerado ritmo das cenas e dos personagens. A intenção é dar ao musical uma dinâmica ágil e juvenil. A pesquisa para criação das músicas teve como ponto de partida a sonoridade de comunidades periféricas, como samba, rap, funk, pop e gospel.

Ficha Técnica
Texto de Andreza Rodrigues e Thuane Campos
Revisão e texto final de Liana Ferraz
Letras de Jorge Alves, Andreza Rodrigues, Liana Ferraz e Thuane Campos
Músicas de Jorge Alves
Arranjos de André Santos e Paulo Henrique Costa.
Direção Artística de Jorge Alves
Direção Musical de Paulo Henrique Costa
Direção de Movimentos e Coreografia de Gustavo Medeiros
Músicos interpretes: Alex Correa (Viola), Janssen Lima(Violão e Guitarra), Júlio Lino (Baixo), Paulo Henrique Costa (Violino) e Tunuka (Percussão)
Cenografia de Andreza Rodrigues e Jorge Alves
Figurino de Andreza Rodrigues e Jorge Alves
Design de Luz de Fernando Ferreira
Design de Som de Randar Sound
Programação Visual de Jorge Alves
Assessoria de Imprensa de Fernanda Teixeira – Arte Plural

Elenco
Lissin– Orfeu
Uédia Alves – Eurídice
Andreza Rodrigues – Menina do Trem
Lucas Cuevas – Aristeu Bruna Grasselli – Ensamble e Bia
Cinthia Tomaz – Assistente de palco e Ensamble
Claudine Palhàres – Ensamble e Mãe da MT e Aristeu
Gustavo Medeiros – Mr. Master e Ensamble
Victor Bruno – Youtuber e Ensamble
Thayna Rodrigues – Dona Dandara – Ensamble
Thuane Campos – Ensamble

 

 

 

 

 

Das Ruas, um Orfeu de mochila – O Musical
Apresentações no formato digital nos dias 1 e 2, 8 e 9, 15 e 16 de março
Segundas e terças-feiras, às 20 horas
Grátis
Youtube: https://www.youtube.com/channel/UCqitB7m1sVcbtzYygAotryw
Instagram: https://www.instagram.com/toemoutraciaoficial
Facebook: https://www.facebook.com/toemoutraciaoficial

 

 

Sobre o grupo
Grupo de pesquisa e repertório, criado em 2012, com sede no Jaguaré, o Tô em Outra Cia. de Teatro foca seu trabalho na relação entre periferia e mitologia grega e direciona seus espetáculos sempre ao público jovem. Traz cinco espetáculos no repertório, sendo três autorais (entre eles Um tempo para o infinito, de Andreza Rodrigues e Thuane Campo), um de Hugo Possolo (Cérebro à vinagrete) e outro de Marcelo Romagnoli (Filosofia da Revolução). www.facebook.com/toemoutraciaoficial

 

Foto: Roberto Nakashima

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