Grupo XIX de Teatro flerta com cinema e teatro em experimento que investiga noções de verdade e mentira

Projeto é inspirado no filme Infâmia estrelado nos cinemas por Audrey Hepburn e Shirley MacLaine, em 1961. A trama traz duas professoras vítimas de falsa acusação. O grupo levanta a questão da verdade em tempos de disseminação de fake news e convida a jornalista Patrícia Campos Mello para debate de abertura…

 

 

O Grupo XIX de Teatro apresenta working progress do experimento cênico Infâmia – resultado do Projeto XIX Ano 19: Crise e Insurreição, contemplado pela 35ª edição do programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo.

A repórter especial e colunista da Folha de S. Paulo Patrícia Campos Mello é a convidada de abertura para o debate Máquina do Ódio, no dia 7 de julho, quarta-feira, às 20h, com ingressos gratuitos e transmissão pelo Zoom. A jornalista vai falar sobre as campanhas de desinformação pelas redes sociais e o uso de fake news. Nos dias 9 a 13 de julho, às 16h, acontecem apresentações gratuitas do material em processo do experimento cênico Infâmia.

Autora do livro Máquina do Ódio (Companhia das Letras), sobre o uso das redes sociais para manipular eleitores no Brasil, Índia e EUA, Patrícia Campos Mello fez uma série de matérias sobre disparos em massa de WhatsApp e outras estratégias de desinformação no Brasil, que levaram a quatro investigações eleitorais e a mudanças das regras do Tribunal Superior Eleitoral, que passou a proibir os disparos.

 

Criação do trabalho inédito

Infâmia é inspirado em um texto de teatro da década de 1930, de Lilian Hellman, que ganhou as telas do cinema em 1961, com Audrey Hepburn e Shirley MacLaine no elenco e direção de William Wyler. A trama acompanha duas professoras de um colégio para meninas que têm suas vidas arruinadas quando uma de suas alunas as acusa falsamente de manter uma relação homossexual.

Flertando com os limites do cinema e do teatro, o processo toma como objeto central a obra e propõe uma recriação desse clássico jogando com a relação entre a trama original e a performatividade da cena, assim como, a recriação das situações do filme agora somando a elas a potencialidade do teatro.

Em caráter de processo, o projeto tem direção de Luiz Fernando Marques, a atriz e diretora Érica Montanheiro deu suporte para a dramaturgia e a diretora de cinema e preparadora de elenco Luciana Canton articulou as linguagens do teatro e do cinema pelo viés da interpretação e dos jogos de cena. Para aprofundar as questões do preconceito que toma não só o amor lésbico, mas também racial e de gênero, o grupo convidou as atrizes Leonarda Gluck e Ericka Leal para se juntar aos atores-criadores Janaina Leite, Juliana Sanches, Ronaldo Serruya, Rodolfo Amorim e Paulo Celestino. A direção de arte digital é assinada por Flávio Barollo.

“Infâmia realiza essa complexa operação sobre as delicadas noções de verdade e mentira, ao mesmo tempo que mostra as consequências perversas tanto de uma moral hipócrita quanto dessas formas, também bastante comuns a nós, de se punir a qualquer preço, ou destruir vidas a partir de boatos e manipulações”, explica o diretor Luiz Fernando Marques.

Além da intersecção do cinema e teatro, como fizeram em Nada Aconteceu, Tudo Acontece e Tudo Está Acontecendo (de 203) e Teorema 21 (de Pier Paolo Pasolini, 2016), interessa ao grupo tomar essa fábula como ponto de partida para uma construção plural que tem por mote a complexa questão da verdade em tempos de disseminação vertiginosa de fake news.

 

O filme

The Children’s Hour, no título original, conta a história de Karen Wright (interpretada no cinema por Audrey Hepburn, em seu último filme em preto-e-branco) e Martha Dobie (Shirley MacLaine, em atuação que lhe rendeu indicação ao Globo de Ouro) são amigas íntimas desde os 17 anos, e dividem a direção de uma escola para meninas localizada na Inglaterra. Tentando dar a melhor educação possível a suas alunas, elas frequentemente entram em rota de colisão com a rebelde Mary Tilford (Karen Balkin), uma garota mimada, intransigente e de caráter duvidoso.

Para vingar-se das professoras, que a haviam deixado de castigo, ela conta à Amália Tilford, sua avó milionária (Fay Bainter, indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante), que testemunhou atos estranhos entre as duas, deixando bem claro que existe um relacionamento amoroso entre elas. Chocada, Amália – cujo sobrinho, o médico Joe Cardin (James Garner) é noivo de Karen – espalha a notícia. Nem mesmo um julgamento por difamação consegue salvá-las da discriminação do povo da cidade, uma vez que não há testemunhas que possam desmentir a acusação da menina.

Ficha Técnica
Direção: Luiz Fernando Marques
Dramaturgismo: Erica Montanheiro
Elenco: Janaina Leite, Juliana Sanches, Ronaldo Serruya, Rodolfo Amorim, Paulo Celestino, Ericka Leal e Leonarda Gluck
Treinamento para o processo: Erica Montanheiro, Lu Canton e Paola Leblanc
Direção de arte digital: Flávio Barollo.
Produção executiva: Cristiani Zonzini e Andrea Marques
Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli.
Artes gráficas e redes sociais: Jonatas Marques.
Realização: Grupo XIX de Teatro.

 

 

 

 

Abertura de Processo de Infâmia
Dia 7 de julho de 2021, quarta-feira, às 20h.
Mesa de debate Máquina do Ódio.
Com Grupo XIX de Teatro e a jornalista Patrícia Campos Mello.
Ingressos gratuitos.
Transmissão pelo Zoom.
Reservas em sympla.com.br/grupoxixdeteatro

De 9 a 13 de julho de 2021, de sexta a terça-feira, às 16h.
Apresentação do experimento cênico Infâmia
Ingressos gratuitos.
Transmissão pelo Zoom.
Reservas em sympla.com.br/grupoxixdeteatro

Grupo XIX nas redes sociais: Instagram @grupoxixdeteatro / facebook.com/grupoxix

1 comentário em “Grupo XIX de Teatro flerta com cinema e teatro em experimento que investiga noções de verdade e mentiraAdicione o seu →

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *