Janaina Leite apresenta Camming 101 Noites no Festival Midrash de Teatro

Performance virtual dá continuidade a pesquisa da atriz e diretora sobre o documentário e o autobiográfico no teatro, agora sob a luz do obsceno…

 

 

 

Apresentada em março na MIT+ e em maio no Festival Internacional FITEI, em Portugal, a performance virtual Camming 101 Noites, da atriz, diretora e dramaturgista Janaina Leite, integra a programação do 7º Festival Midrash de Teatro [idealização do rabino Milton Bonder e curadoria de Marcio Abreu] com única apresentação dia 24 de julho, sábado, às 22h.

Criada a partir da experiência imersiva em plataformas de sexo virtual pago e em colaboração com Lara Duarte e Lillah Halla , Camming 101 Noites integra o projeto Ensaios Escopofílicos para uma História do Olho, contemplado pela Lei Federal Aldir Blanc e Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa – Edital Proac Expresso Lab nº 47.

As “101 noites” do título fazem referência ao livro de contos As mil e uma noites, em que Sherazade precisa entreter seu esposo e rei lhe contando histórias, noite após noite, para não ser morta.

Camming 101 Noites joga, de um lado, com o trabalho das camgirls profissionais que precisam manter a atenção dos clientes (visto que elas ganham por minuto então parte do trabalho não é sexual, mas erótico, imaginário, dramatúrgico, terapêutico de forma a prender a atenção do espectador/cliente pelo máximo de tempo possível), de outro, se refere ao tempo que Janaina se dedicou a essa experiência no período auge do isolamento social devido à pandemia. 101 noites de isolamento, 101 noites de interação erótica sem risco de “contágio”.

 

Ficha Técnica
Concepção e Performance: Janaina Leite
Participação Especial: Anita Saltiel
Dramaturgismo: Lara Duarte e Lillah Halla
Edição de vídeo: Mateus Capelo
Direção de produção: Carla Estefan
Operação técnica: Juracy de Oliveira
Fotos: André Medeiros Martins
Assessoria de Imprensa: Nossa Senhora da Pauta

 

 

 

 

 

 

Camming 101 Noites
no 7º Festival Midrash de Teatro [midrash.org.br]
Sábado, 24 de julho, às 22h
Capacidade – 200 pessoas
Ingressos – Contribuição voluntária de R$ 0,00 a R$ 40,00 no [linktr.ee/salaabertarec]
Duração – 70 minutos
Recomendado para maiores de 18 anos

 

Sobre Janaina Leite

Atriz, diretora e dramaturgista. É uma das fundadoras do Grupo XIX de Teatro de São Paulo e doutoranda na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (USP). Em 2008 deu início a sua pesquisa sobre o documentário e o uso de material autobiográfico em cena, resultando em diversos espetáculos e no livro Autoescrituras performativas: do diário à cena, publicado pela Editora Perspectiva, que a consolida como uma artista referência em teatro documental e autoficção no Brasil. Em 2019, estreou o espetáculo Stabat Mater, contemplado pelo Edital de Dramaturgia do Centro Cultural São Paulo, vencedor do prêmio Shell de Teatro de melhor dramaturgia e eleita a melhor estreia de 2019 pelo grupo de críticos de dois importantes jornais do pais. Janaina trabalha com orientação de cursos, palestras e curadoria no Brasil e em países como França e Portugal. [site – janainaleite.com.br].

 

Novo espetáculo em 2022

Desdobramento direto das investigações do espetáculo Stabat Mater – vencedor do Prêmio Shell de Teatro de melhor dramaturgia – Ensaios Escopofílicos para uma História do Olho contempla a realização de uma série de ensaios, processos e estudos abertos ao público ao longo de seu desenvolvimento culminando na criação do espetáculo teatral inédito História do Olho – um conto de fadas pornô-noir, que deve chegar aos palcos em 2022. A montagem atrita as linguagens do teatro e da pornografia, e contará com artistas profissionais e amadores da pornografia.

Para Janaina Leite, o projeto interessa-se pelo uso do dispositivo documental em sua tensa relação com o real, sobre a performance em seu potencial de “complicadora cultural”, associado ao tema tabu do erotismo e da linguagem pornográfica. “Sigo me perguntando sobre os limites da representação e o seu potencial de assegurar ou não uma mediação para o espectador e busco nos implícitos e explícitos da imagem, esse potencial profanatório que, como conclama Agamben, é a ‘tarefa política da geração que vem’”, explica ela.

Sabendo que este projeto pretende ser um exercício teatral, artístico, e metafórico, a proposta pretende não abandonar os estigmas e precarizações dos trabalhadores do sexo, já que é a partir deles que é despejado todos os preconceitos de um conteúdo que ao mesmo tempo é abjetado na vida pública e consumido e exaltado na intimidade masturbatória. “Não abandonar essa perspectiva é não corroborar com todas as violências causadas em nome dessa dissociação de vida pública e íntima”, acredita Janaina Leite.

 

Foto: André Medeiros Martins

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