Teatro Kaus estreia a peça Chuva de Anjos, de Santiago Serrano, no Giostri Teatro

Texto inédito do dramaturgo argentino propõe uma reflexão sobre a solidão e o individualismo nas grandes cidades. Com direção de Reginaldo Nascimento, elenco reúne as atrizes Amália Pereira e Vera Monteiro…

 

 

 

Com texto inédito do dramaturgo argentino Santiago Serrano, o espetáculo Chuva de Anjos  estreia dia 5 de maio, quinta-feira, às 20h30, no Giostri Teatro. Com pinceladas de ironia e utilizando do recurso do Absurdo, a peça propõe, ao abordar o tema tabu do suicídio, uma reflexão sobre a solidão e o isolamento social nas grandes cidades. Montagem do Teatro Kaus Cia Experimental tem direção Reginaldo Nascimento e reúne as atrizes Amália Pereira e Vera Monteiro.

Escrita em 2001, Chuva de Anjos apresenta um diálogo improvável entre duas mulheres em uma praça, rodeadas de edifícios altos, de onde se atiram alguns suicidas. “Um encontro casual entre duas desconhecidas que nos permite visualizar um mundo apocalíptico, mas também reversível. Com humor, estas mulheres expõem suas fraquezas e forças. São um reflexo de nós mesmos, como testemunhas e em parte cúmplices da queda de um paraíso perdido”, afirma o autor Santiago Serrano.

A peça fala principalmente do isolamento, da falta de compromisso com o outro em uma cidade de prédios, com paredes que abrigam, mas, também nos encerram em pequenos mundos privados e nos fazem indiferentes ao que sucede ao nosso lado. Enquanto cada personagem, mulher de cinza e mulher de preto, se torna o cenário de sua própria tragédia, os males da contemporaneidade são apontados em um jogo de claro-escuro, de palavra e silêncio, de presença e ausência, e de caídas metafóricas.

“Nossa modernidade é alimentada pelo narcisismo e o medo do outro. O mundo virtual é um lago onde nos afundamos, presos por nossa própria imagem. Os habitats estão ficando cada vez menores e o medo nos faz permanecer neles. A rua é uma zona de risco constante e perdeu a possibilidade de ser um centro de participação comunitária. Estamos sozinhos e na defensiva. Foi criado um círculo vicioso onde a única saída para muitos é um salto no vazio, seja metafórico ou concreto”, completa o autor.

O espetáculo é focado no trabalho das atrizes, que desenvolvem uma composição cênica que que transita pelo absurdo e o real, o onírico e o trágico, construindo uma cena hibrida. “Diante do público (edifícios), as personagens deixam que, aos olhos da plateia, a imaginação caminhe com a dramaturgia. Abusando da teatralidade, explicitam a angústia dos que buscam uma saída num salto finitivo, no último suspiro que se solta diante da morte”, afirma o diretor Reginaldo Nascimento.

O cenário, de Reginaldo Nascimento, que também assina a trilha sonora, apresenta uma praça formada apenas por um banco e uma pequena árvore artificial. Os figurinos, de Telumi Helen, retratam personagens distintas, uma com uma modelagem cheia de rigor e a outra em aparente desconstrução. A iluminação, de Vanderlei Conte, trabalha com matizes de cores que revelam o jogo das atrizes e ampliam e diminuem o campo de visão da cena. A sonoplastia mescla sons de cidade e músicas instrumentais para pontuar transições e acentuar algumas nuances.

A peça fez uma temporada online, gravada de forma remota e exibida no Youtube das Oficinas Culturais do Estado de SP, em outubro de 2021, como uma das contrapartidas do projeto Teatro Kaus 22 anos, beneficiado pelo Proac Lab 47/2020. Em setembro do mesmo ano participou do projeto Artes Cênicas em Processo, do Sesc Pinheiros, com um documentário sobre o processo de criação da peça online. A pesquisa sobre Chuva de Anjos teve início em 2018, com uma leitura encenada na Oficina Cultural Oswald de Andrade.

Ficha Técnica
Texto: Santiago Serrano
Tradução: Vera Monteiro
Direção: Reginaldo Nascimento
Com o Teatro Kaus Cia Experimental
Elenco: Amália Pereira e Vera Monteiro
Assessoria de Imprensa: Amália Pereira

 

 

 

 

 

Chuva de Anjos
Giostri Teatro
Rua Rui Barbosa, 201, Bela Vista
Tel.: 2309-4102
Capacidade 50 lugares
Estreia quinta-feira, 5 de maio de 2022, às 20h30
Temporada até 10 de junho
Quintas e sextas, às 20h30.
OBS: No dia 26 de maio, quinta-feira, não haverá apresentação.
Duração: 70 minutos
Gênero: Humor ácido
Recomendação: 14 anos
Ingressos:
R$ 40,00 (inteira)
R$ 20,00 (meia)
Bilheteria abre uma hora antes do início do espetáculo
Vendas online pelo Sympla29
Café
Ar-condicionado
Acesso para pessoas com deficiência
Aceita todos os cartões, exceto vale-alimentação
Estacionamento conveniado na Rua Rui Barbosa, 216, no valor de R$20,00.

 

Santiago Serrano
Dramaturgo, teatrólogo, psicanalista e psicodramaturgo. Durante os últimos dez anos leciona oficina em diversas cidades da Argentina e outros países como: Brasil, França e Bolívia. Realizou estudos teatrais com Néstor Raimondi, Inda Ledesma, Manel Barceló (Espanha), Williams Wilcox Horme (USA), Enrique Buenaventura (Colômbia), Arístides Vargas (Equador), Augusto Boal (Brasil). Trabalhou como professor de la Cátedra de Grupos da Escola Municipal de Arte Dramática, em Buenos Aires. Criou o Grupo Teatral Encuentros com quem trabalhou até 2002. Ganhou o prêmio de Melhor Obra Original no Festival de Teatro do Centro Cultural Gral San Martín com o texto Dinosaurios, que foi traduzido e encenado no Brasil pelo Grupo Cena, de Brasília. No Brasil também já escreveu em português para uma montagem do espetáculo Eldorado, com interpretação de Eduardo Okamoto; e também a obra Noctiluzes, escrita especialmente para o Grupo Plagio, de Brasília. Ganhou prêmios na América Latina: o 4º Concurso Nacional de Obras de Teatro Breve del Instituto Nacional del Teatro (Argentina) pela sua obra Se mira y no se toca; o 2º prêmio no Certâmen Internacional de teatro da Cidade de Requena (España) organizado por CAT Arrabal com sua obra Sexualmente hablando. Convidado pela Maison des Ecrivains de Paris leciona uma oficina de dramaturgia e várias conferências na Universidade de Grenoble (França). Participou do Projeto Fronteiras realizado pelo Teatro Kaus na cidade de São Paulo, onde fez parte do Ciclo de Debates sobre o Teatro na América Latina e lecionou uma oficina de dramaturgia no Centro Cervantes. Sua obra Por las diez pulgadas de un bárbaro, co-escrita com Pablo García Gámez, foi selecionada como finalista de Pregones Theater’s 2007 Asuncion Project na cidade de Nova York. Escreveu ainda as peças: A Revolta, Entre Nós, Mãos Limpas, El Morales, A Pupila e As filhas de Eva, entre outras.

 

Reginaldo Nascimento
Ator e Diretor Teatral em constante atividade desde 1990. Fundou o Teatro Kaus Cia Experimental em 1998. Mestrando em Artes Cênicas na Unesp-SP (Linha de Pesquisa Poéticas e estéticas Cênicas), pós-graduado em Metodologia e ensino de Arte, e Licenciatura plena em Artes-Educação Artística. Participou de diversos cursos de formação e aprimoramento com diversos e importantes profissionais. Desde 1993 se dedica especificamente a Direção Teatral e a pesquisa do teatro de grupo, tendo assinado a direção de mais de 20 espetáculos entre eles: Contrarrevolução, de Esteve Soler; Hysterica Passio e O Casal Palavrakis; ambos de Angélica Liddell; O Grande Cerimonial, de Fernando Arrabal; Infiéis, de Marco Antonio de la Parra; A Revolta, de Santiago Serrano; El Chingo, de Edílio Peña; Pigmaleoa, de Millôr Fernandes; Cala a Boca Já Morreu, de Luís Alberto de Abreu; A Boa, de Aimar Labaki; Vereda da Salvação, de Jorge Andrade; Homens de Papel e Oração para um pé de chinelo, ambas de Plínio Marcos. Vêm realizando desde 1994, várias oficinas e cursos em prefeituras, secretarias de cultura e instituições privadas pelo interior do Estado, na capital e outros estados. Organizou e Editou o Livro Livro Cadernos do Kaus – O Teatro na América Latina. Organizou e editou os livros Cadernos do Kaus 1º O Teatro na América Latina, publicado no projeto Fronteiras, em 2007, contemplado pelo Programa de Fomento, em 2006; e Cadernos do Kaus 3º Teatro Kaus, Da América Latina à Espanha, 10 anos de dramaturgia hispânica, publicado no projeto de mesmo nome em 2018, contemplado pela 30ª Edição do Programa de Fomento, em 2017, além da revista Cadernos do Kaus 2º Hysterica Passio, publicada no projeto de mesmo nome em 2016, contemplada com o Prêmio Zé Renato de Teatro, em 2015. Em agosto de 2009, idealizou e executou juntamente com o Grupo Kaus e em parceria com o Instituto Cervantes a Mesa de Debates Um Certo Arrabal, evento que trouxe a São Paulo o Dramaturgo Fernando Arrabal, um dos mais importantes da cena Mundial.

 

Teatro Kaus Cia Experimental
O Teatro Kaus Cia Experimental, está radicado a cidade de em São Paulo desde outubro de 2001, e foi criado em dezembro de 1998, em São José dos Campos, SP, pelo ator e diretor Reginaldo Nascimento e pela atriz e jornalista Amália Pereira. Na capital paulista, a Cia. encenou as peças Contrarrevolução (2018), de Esteve Soler; Hysterica Passio (2015/2017) e O Casal Palavrakis (2012/2014), ambas de Angélica Liddell; O Grande Cerimonial, de Fernando Arrabal (2010/2011); A Revolta, do argentino Santiago Serrano (2007); El Chingo, do venezuelano Edilio Peña (2007); Infiéis, do chileno Marco Antonio de la Parra (2006/2009); Vereda da Salvação, de Jorge Andrade (2005/2004) e Oração para um pé de chinelo, de Plínio Marcos (2002). Participou em julho de 2007 do XVIII Temporales Internacionales de Teatro, em Puerto Montt e da Lluvia de Teatro de Valdivia, ambas no Chile, apresentando a peça A Revolta. Em novembro de 2007, lançou o livro Cadernos do Kaus – O Teatro na América Latina, um registro documental sobre todas as ações do projeto Fronteiras – O Teatro na América Latina, realizado pelo grupo durante os anos de 2006 e 2007, beneficiado pela 9ª edição do programa de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo. No final de 2015 foi contemplada pela 3ª edição do Prêmio Zé Renato para circulação da peça Hysterica Passio e lançamento de uma revista do mesmo nome, com o texto da peça. Em abril de 2017, foi contemplado pela 30ª edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, com o Projeto Teatro Kaus – Da América Latina à Espanha – Dez anos de dramaturgia hispânica, para manutenção da pesquisa da Cia e lançamento de mais um livro do mesmo título.

 

Foto Chuva de Anjos – Amália Pereira e Vera Monteiro: Fabíola Galvão

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