Stalking – um conto de terror documental retrata assédio real iniciado em ambiente de trabalho

Em cena, o uso de contos de fadas serve de exemplo de como a sociedade reafirma a manutenção do patriarcado e referenda assédios; obra protagonizada por Livia Vilela, vítima de perseguição, é descrita pela atriz como um grito coletivo de liberdade e emancipação…

 

 

 

No ambiente de trabalho, uma mulher começa a sofrer uma relação de assédio que transforma sua vida num verdadeiro conto de terror. A partir de relato documental, a atriz Livia Vilela traz para a cena a história de sua longa perseguição, revelando dispositivos do patriarcado que colocam as mulheres em constante risco de integridade física e psicológica. Stalking – um conto de terror documental faz temporada no Centro Cultural São Paulo a partir do dia 27 de outubro, quinta-feira, 20h30, e alinha documentos, dança, máscaras, animação de objetos e contos de fadas para fazer da cena uma experiência de indignação e denúncia. O espetáculo tem codireção de Elisa Volpatto e Rita Grillo. No elenco, além de Livia, está Paulo Salvetti, que também assina dramaturgia.

Tomando como base essa história real, que se desenrola desde 2015, a escolha das diretoras foi a de trazer para a história camadas ficcionais que se relacionam com os contos de fadas, pensando em como essas histórias estabelecem situações de vulnerabilidade das mulheres. “Na nossa pesquisa, entendemos como a educação está a favor dos valores do patriarcado que são determinados desde sempre”, diz Elisa Volpatto.
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Devido à perseguição constante eu deixei de me colocar em cena, deixei de exercer uma profissão que amo por medo. Neste momento, apoiada por minhas parceiras neste projeto (e na vida) decido transcender o suor gelado, o tremor nas mãos, o engasgo durante o sono que me acompanha desde o momento mais tenebroso das ameaças e resolvo ir além, colocar luz num assunto avassalador que me foi imposto viver. E que muitas vivem.
Livia Vilela
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A dramaturgia, assinada por Paulo Salvetti, parte do relato de Livia, explorando confluências entre o real e o ficcional. Na direção de Elisa e Rita, a impunidade recorrente concedida aos homens é evidenciada pelas figuras masculinas representadas por meio de formas grotescas com feições que se assemelham aos dos lobos das histórias infantis.

Áudios, canções enviadas pelo perseguidor, e-mails, troca de mensagens e documentos são exibidos ao longo do espetáculo como uma forma de dividir a leitura metafórica da encenação com a crueza e violência da situação retratada.

A ideia de trazer duas diretoras para a peça tem a ver com o pensamento de novas estruturas que sejam também modos de agir contra o patriarcado. Essa escolha também se revela no restante da ficha técnica do espetáculo, que além de mulheres na direção, conta também com assistência de direção de Jackeline Stefanski Bernardes, trilha sonora original de Malka Julieta – inspirada pelo ambiente do terror, direção de arte de Beatriz Barros, iluminação de Gabriele Souza – cujo papel foi o de construir rupturas entre os ambientes fabulares da peça e a estética documental, produção executiva de Gabs Ambròzia e Corpo Rastreado, com provocação artística de Janaína Leite.

“Esse é um trabalho sobre as marcas deixadas no corpo de uma mulher. É sobre o medo de falar por já se saber desacreditada. É sobre as potências interrompidas em razão de um masculino que se sobrepõe em todas as instâncias da vida. É sobre todo o caminho exaustivo a se percorrer por apenas querer dizer a verdade”, diz Livia.

Ficha Técnica
Atuação: Livia Vilela e Paulo Salvetti
Codireção: Elisa Volpatto e Rita Grillo
Assistência de Direção: Jackeline Stefanski Bernardes
Dramaturgia: Paulo Salvetti
Trilha Sonora Original: Malka Julieta
Direção de Arte: Beatriz Barros
Iluminação: Gabriele Souza
Provocação: Janaína Leite
Fotos Divulgação: Betânia Dutra
Fotos Ensaio: Anna Carolina Bueno
Assessoria de Imprensa: Canal Aberto
Identidade Visual: Orú Florydo
Operação de Som: Jess Silva
Operação de Luz: Sancler Pantano
Produção: Corpo Rastreado – Gabs Ambròzia

 

 

 

 

 

 

Stalking – um conto de terror documental
Centro Cultural São Paulo
Sala Jardel Filho

Rua Vergueiro, 1000 – Paraíso
Capacidade: 320 lugares
27 de outubro a 6 de novembro
De quinta a sábado, às 20h30
Domingos*, às 19h30
Duração: 90 minutos
Classificação indicativa: 16 anos
Grátis
*No domingo 30/10 (segundo turno) Não haverá espetáculo

 

Foto da atriz Livia Vilela e o ator Paulo Salvetti: Betania Dutra

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