Festival Tabuleiro movimenta Zona Leste e mantém viva heranças ancestrais por meio da cultura

Com produção de arte preta, o festival com diversas linguagens acontece no dia 12 de novembro no Centro Cultural Vila Formosa…

 

 

 

No dia 12 de novembro, o Centro Cultural Vila Formosa compartilha o axé trazido por gerações. Através de uma programação cultural que acontece das 13h às 21h30, carregada de música, exibições audiovisuais perifericas, rodas de conversa, performance e muito mais, fazem parte do Festival Tabuleiro, que movimenta a Zona Leste e traz com uma programação cultural preta, descentralizada e que fortalece a população local.

O Tabuleiro é um festival multilinguagem de produção e arte preta, inspirado na I Mostra de A(r)tivismo Feminista, realizada em dezembro de 2019 pelo Coletivo Onilé e Centro Cultural Vila Formosa, que reuniu mais de 50 artistas e agentes culturais no espaço em uma programação multilinguagem. Tabuleiro também é a ferramenta utilizada pelas Baianas do Acarajé, nossas ancestrais que em época de escravização, saíam pelas ruas vendendo seus acarajés para garantir o sustento mínimo às suas famílias e comunidades, além de negociar as alforrias de pessoas pretas ainda em situação de escravização.

Entre os destaques da programação estão as intervenções poéticas, no formato de Slam com Tayla Fernandes, que pauta a vida de pessoas pretas das periferias. Quando o assunto é cabelo, Cristina Braids e Mariana Rosa, trazem um olhar direcionado para os cuidados e toda a estética negra que vão além das dicas, elas mostrarão de forma prática as possibilidades do trançar. Para alimentar o corpo e a alma, a Dendengo trará seus sabores ancestrais da culinária afro-brasileira, entre os mais pedidos, está o mini acarajé. E na música, Bia DOXUM – traz muito swingue através do rap e melodias – E Ayô Tupinambá que traz a existência travesti e ancestral presente em sua música e arte.

O corre de atuação no mercado é ancestral e nos liga diretamente com o passado, quando avançamos em nossas práticas que seguem a mesma lógica de sustento e coletividade, buscando organização social e combate ao racismo estrutural através da arte e produção cultural. Em menção ao novembro negro, o festival vem evidenciar todas as mandingas que realizamos nas quebradas e que fortalecem a população preta na manutenção da cidade, mais especificamente na zona leste, onde emergem diversas potências que transpassam dificuldades na tentativa de existir com dignidade e que a atuação multilinguagem demonstra todas as possibilidades e caminhos para alcançar.

Para a organizadora do festival, Bea Andrade, a ideia é partilhar estratégias e mandingas do Corre na arte e produção preta para potencializar e ocupar novos espaços em rede. “Tabuleiro é um festival articulado por uma juventude preta, que é continuidade ancestral de todas as mandingas de sobrevivência e existência do nosso povo. Reconhecer quem veio antes e plantar novas sementes é um caminho bonito de retomada e alternância da propriedade das nossas narrativas”

 

O Festival Tabuleiro
Esta é a 1ª edição do festival e apresenta em sua estrutura eixos de atuação que convergem em uma programação simultânea de atividades, contemplando as faixas etárias e interesses diversos do público, são eles: audiovisual; música; conversa; empreendedorismo; programação infantil; performances e intervenções.

Para esta edição, o audiovisual conta com uma mostra com dois documentários que ilustram a perspectiva de passado, presente e futuro, intrínsecas na proposta do festival. Eles partem das relações afetivas e produções culturais que dialogam diretamente com os territórios da zona leste, e que através de políticas públicas, puderam registrar e ampliar o conhecimento do público acerca das existências, potências e resistências presentes na história desses bairros

Já na música a programação conta com duas apresentações de cantoras pretas da cena independente conduzindo o público a refletir sobre existências. A conversa traz duas mesas de discussão multilinguagens que abordarão as estratégias e mandingas utilizadas por artistas e produtoris pretes na construção de suas trajetórias profissionais e coletivas, que convergem em pontos de interlocução, mesmo que com atuações e caminhos diferentes.

No quesito empreendedorismo, será possível aproveitar a feira de exposição de produtos/serviços de empreendedoris pretes de quebrada. São roupas, acessórios, turbantes, bolsas, colagens e etc, que proporcionam o fortalecimento, divulgação e geração de renda com a comercialização dos itens. Para a programação infantil haverá um espaço de formação e brincadeiras com atividades que dialogam e evidenciam suas potências, além de proporcionar aprendizados coletivos e trocas de saberes.

As performances e intervenções ficam por conta dos artistes da cena independente que apresentam atividades de intervenção urbana em conjunto à programação provocando reflexões políticas e reivindicação de corpos dissidentes, como o movimento da cena BallRoom preta e periférica na cidade.

 

 

 

 

 

 

Festival Tabuleiro
Centro Cultural Vila Formosa
Av. Renata, 163 – Vila Formosa
Dia 12 de novembro de 2022, das 13h às 21h30

Confira a programação completa:

13h – 21h30 – Feira de Expositoras (Articulação Rede Prósperas)

14h – Exibição “Mulheres do Ayê:saberes ancestrais através das ervas” (40min) | Oficina de Criação Literária com Esther Rodrigues (infantil) 1h30

15h – Intervenção de Tranças com Cristina Braids (1h) | Performance Poética com Tayla Fernandes (20min)

15h30 – Mesa “Tabuleiro de Preta: mandingas e estratégias de sobrevivência na arte” (1h30)

16h30 – Oficina de Tintas Naturais com Helô Rodrigues (infantil) | Performance Poética com Tayla Fernandes (20min)

17h – Intervenção de Tranças com Cristina Braids (1h) | Show “Ayó Tupinambá” (35min)

18h – Exibição “Sapopemba 2072” (30min)

18h30 – Mesa “Movimento SANKOFA e Produção Cultural de Keké” (1h30) | Sarau Escambinho (infantil) 1h30

19h – Intervenção de Tranças com Cristina Braids (1h)

20h – Show “Bia DOXUM” (35min)

21h – Performance com “House Of Black Velvet” (40min)

Outras informações você encontra em:@onile.prod

Foto da cantora e compositora Bia Doxum, que faz parte da programação: Dif Gomes

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