Estelar de Teatro Estreia Mário Negreiro

Solo de Anderson Negreiro, que também assina texto e direção, é a segunda peça da Trilogia Modernista da companhia paulista. O artista e Macunaíma e Mário de Andrade e o teatro paulista contemporâneo são camadas da montagem em diálogo com uma série de projeções de imagens…

 

 

 

 

 

Em Mário Negreiro, a busca por uma identidade cultural brasileira, tendo o grande artista multifacetado Mário de Andrade como interlocutor, é pano de fundo para que o ator Anderson Negreiro traga à cena um debate sobre racismo estrutural e resgate de apagamentos históricos. A montagem, primeira direção de Anderson Negreiro na Estelar de Teatro, companhia onde atua há 14 anos, estreia dia 1º de setembro, sexta-feira, às 21h, no Teatro Estelar.

No palco, Anderson Negreiro, que além de atuar, assina texto e direção, ressalta um Mário de Andrade que se distância das ideias do colonizador e se aproxima do interior do Brasil projetado nas periferias paulistanas. O ator “reencontrou” Mário de Andrade quando deu vida ao modernista no documentário 22 em XXI, de Helio Goldsztejn. “Nas filmagens tive contato com novas ideias dele e reli a sua obra clássica Macunaíma. O livro permeia todo o espetáculo”, conta Anderson.

Mário Negreiro começa com Anderson no bairro paulistano da Casa Verde Alta, local onde viveu e cresceu. Ele precisa entregar um exemplar de Macunaíma para seus amigos de infância, mas perde o livro no caminho. A partir daí, percorre por vários locais da cidade de São Paulo a procura da obra. O ator então regressa até 25 de fevereiro de 1945, dia do falecimento de Mário de Andrade. Nesta data, através de um ritual, invoca-se a figura do modernista, mas algo dá errado e o que surge é uma figura folclórica de nome Mário Negreiro que transita entre a vanguarda e a cultura popular, bem como entre os tempos.

“O público então acompanha uma viagem contrária ao do personagem/anti-herói Macunaíma: se Macunaíma vai da floresta à cidade, Mário Negreiro vai da cidade à floresta/periferia, num rastro de apagamentos. Artista e obra e realidade e ficção se encontram”, explica Anderson.

Trilogia Modernista
Contemplada pelo Prêmio Zé Renato de Teatro da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, a montagem integra a Trilogia Modernista, que já contou com a encenação de Tarsila ou a Vacina Antropofágica, de Viviane Dias (indicada ao Prêmio Shell de Teatro na categoria Dramaturgia) e com a estreia no fim de 2023 de O Futuro é Ancestral – Um Rito Carteado Antropofágico.

No espetáculo, Macunaíma, inexaurível, será ainda fonte de inspiração, especialmente em sua linguagem e nas maneiras como Mário trata dos inúmeros problemas do Brasil advindos da colonização – relacionando tanto a importação de modelos socioeconômicos com a submissão cultural e desconhecimento do Brasil profundo.

“Nos falta (ainda) um caráter nacional? Buscamos, como outras peças do projeto, a ideia do diálogo e a cultura da viagem (o encontro com o outro) como tema e linguagem. Nossa ideia é menos nos focarmos na perspectiva de um Mario de Andrade erudito (e embranquecido) e mais uma conversa entre mim, artista, preto, hoje, em busca de resgate de apagamentos históricos e o modernista Mário”, destaca o autor e diretor.

Ficha técnica:
Texto e Direção – Anderson Negreiro. Vídeo-Cenários – Vic Von Poser. Provocadores – Ismar Smith e Viviane Dias. Provocação Dramatúrgica – Jé Oliveira. Atuação – Anderson Negreiro. Elenco projetado em Imagens – Viviane Dias e Ismar Smith. Voz Off – Jé Oliveira. Trilha Sonora – Gabriel Moreira. Criação de Luz – Anderson Negreiro, Ismar Smith e Jorge Leal. Figurinos – Éder Lopes e Anderson Negreiro. Consultoria de Movimento – Débora Veneziani. Operação de Luz – Jorge Leal. Operação de Som e Vídeos Projeções – Matheus Silva. Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta. Fotografia – Vic Von Poser. Arte Gráfica – Mau Machado.
 

 

 

Mário Negreiro
Teatro Estelar
Rua 13 de Maio, 120 – Bela Vista, São Paulo
De 1º a 27 de setembro
Sexta-feira e sábado às 21h e domingo às 19h (sessões especiais para escolas as terça e quartas-feiras do mês de setembro às 15h).
Ingressos: pague quanto puder
Duração: 70 minutos
Classificação: 12 anos

 

Sobre a Estelar de Teatro
Companhia que existe desde 2006, com sede no Bixiga (Teatro Estelar) e que já circulou com seu trabalho pelo Brasil e países como França, Itália, Alemanha, Portugal, México e Chile. Além de trabalho continuado em pesquisa e criação teatral, a companhia realizou uma série de residências artísticas internacionais em teatros como o Odin Teatret e o Potlach (braço do Odin) com destaque para o trabalho com o diretor e pedagogo russo Jurij Alschitz. No repertório da companhia estão espetáculos, como Matriarcado de Pindorama (apresentações no Teatro Estelar e em Ocupação no Museu do Ipiranga, a convite do Sesc SP); Matriarcado-América: A Máquina dos Sonhos; Frida Kahlo – Calor e Frio (mais de 200 apresentações no Brasil e exterior); Invasores de Sistemas; Caim; Mestres do Jogo e Alice. Todos os textos são de Viviane Dias e direção de Ismar Smith ou codireção de Ismar Smith e Viviane Dias. A Estelar de Teatro acumula prêmios e reconhecimentos dentro e fora do país, como o Prêmio Zé Renato (2022); Programa Municipal de Fomento ao Teatro (2020 e 2018); os Proacs Circulação (2016), Artes Integradas (2017) e Dramaturgia (2019), bem como o Iberescena (2014) e o Prêmio de Difusão Cultural e Científica Internacional da USP (2013).

 

Sobre Anderson Negreiro
Graduado pelo curso de Comunicação das Artes do Corpo, em Teatro e Dança pela Pontifícia Universidade Católica (PUC/SP), participou de várias oficinas e workshops no Brasil e em países, como Alemanha, Itália, México, Chile, Colômbia e cursos com Eugênio Barba e Jan Ferslev do Odin Teatret (Dinamarca) e Parvathy Baul da Índia. Há 14 anos integra a companhia Estelar de Teatro. Entre os espetáculos em que atuou destaque para O Minuto Depois (2011), direção de Adriana Azenha; O Longo Caminho que vai de Zero a N (2013), direção de Wanderley Damaceno (indicado ao prêmio de melhor ator no Festival de Teatro de São Paulo); A Gente Submersa e O Santo Dialético (2017), direção de Marcelo Marcus Fonseca; O Beijo no Asfalto (2019), direção de Bruno Perillo e Elevador Social (2022), direção de Danilo Moraes, além das montagens Matriarcado-América! No se puede descolonziar sin despatriarcalizar; Matriarcado de Pindorama; Invasores de Sistemas, Frida Kahlo – Calor e Frio e Caim, todas da Estelar de Teatro.

 

Foto: Vic Von Poser

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