“Firulas” de André Barion na Nonada

Uma exploração intrigante do mundo têxtil…

 

 

 

Nonada ZS abre “Firulas” do artista André Barion, e texto de Pedro Köberle com 14 trabalhos resultantes de análises criteriosas dos últimos 7 anos onde o artista se aprofundou nas possibilidades pictóricas e esculturais dos materiais têxteis, combinando habilidades de costura, pintura e desenho para criar trabalhos verdadeiramente inovadores.

Em sua primeira mostra individual na Nonada, o artista apresenta uma exploração tridimensional de sua pesquisa, revelando um mundo de superfícies estampadas meticulosamente construídas com retalhos de tecidos previamente pintados. Seu processo criativo é caracterizado pelo uso de padrões intrincados, derivados de recortes minuciosos e intervenções pictóricas laboriosas. Esta abordagem cuidadosa é evidente tanto nas obras bidimensionais quanto nas tridimensionais, onde elementos figurativos se entrelaçam com contornos abstratos, desafiando a função meramente decorativa do trabalho.

Entre os trabalhos que compõem “Firulas”, pode-se destacar “Arco com pássaros” (2023), onde imagens de pássaros ganham vida dentro de uma estrutura acolchoada fazendo com que a simplicidade e forma do suporte contraste com a complexidade da superfície, criando uma dinâmica visual intrigante. Cada pássaro é cuidadosamente recortado a partir de diferentes retalhos, criando uma interação única entre figura e fundo, explorada de maneiras variadas em outras obras da exposição. Já em “Mergulho dos pássaros” (2023), a sobreposição de elementos figurativos e texturas abstratas confere profundidade e perspectiva ao todo, transformando o espaço expositivo em um viveiro de corpos moles, emblemas botânicos e revoadas passeriformes.

As cores vibrantes e formas intrigantes de “Firulas” convidam a uma experiência sensorial, tátil e ótica.

artista
André Barion (São Paulo, SP 1996) – Vive e trabalha em São Paulo. Graduado em Artes Visuais pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Sua pesquisa envolve objetos escultóricos, vídeos, instalações e pinturas construídas a partir da costura de tecidos diversos, abordando questões relativas à relação entre o objeto e o espectador, e uma consequente teatralidade nas instalações, bem como quais fatores e atributos de um objeto influenciariam esta relação. O interesse pela tapeçaria nos últimos anos ocasionou em um direcionamento das obras para a relação entre o fetichismo, o desejo, a sedução com a materialidade do objeto artístico. A manipulação de materiais ora nobres ora precários é recorrente nas tapeçarias, instalações, vídeos e nos projetos digitais. Entre as exposições recentes, destacam-se a 33ª Bienal de São Paulo – Afinidades afetivas (2018), em colaboração com o grupo de pesquisa Pineal; 47º e 44º, 43º Salão de Arte de Ribeirão Preto no Museu de Arte de Ribeirão Preto (MARP – 2022, 2019, 2018), 47º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto (Santo André, SP2019). Participou das exposições coletivas À Sombra do Comum, com curadoria de José Spaniol e Sérgio Romagnolo (Galeria Andrea Rehder, SP) (2017) e da Imensa preguiça, com curadoria de Guilherme Teixeira (Galeria Sancovsky, SP) (2018). Em 2023 participou das exposições Doispontozero ( Galeria C.A.M.A. SP); PAURA na (Era Gallery, Milão, Itália); Delirium Delirium, com curadoria de Ricardo Bezerra (Espaço Delirium, SP).

 

 

 

 

“Firulas”
Artista: André Barion
Texto: Pedro Köberle
Nonada ZS – @nonada_nada
Rua Aires Saldanha, 24 – Copacabana, RJ
Horários de funcionamento: terça a sexta-feira, das 11h às 19h; sábado, das 11h às 15h
Abertura: 18 de novembro – sábado – das 11 às 17hs
Período: de 18 de novembro de 2023 a 27 de janeiro de 2024
Número de obras: 14
Técnicas: arte têxtil
Dimensões: variadas

texto curatorial
Pedro Köberle – Mestrando em Literatura e Outros Saberes no Programa de Pós-Graduação em Teoria Literária e Literatura Comparada da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, com o projeto de pesquisa “Moradas Impalpáveis: Paisagem e Pensamento em Duas Traduções de Wallace Stevens”. Durante a graduação, realizou a pesquisa de Iniciação Científica “A Coisa Vocável: Regimes de Corpo e Linguagem em ‘O Comediante Como a Letra C de Wallace Stevens’, com financiamento do CNPq, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (entre 2017 e 2018). Traduz e pesquisa poesia anglófona, focando em tratamentos da paisagem e sua ligação com o horizonte conceitual da poesia moderna e contemporânea. Tem experiência na área de Artes, com ênfase em História da Arte

galeria
Nonada, um neologismo que remete ao não lugar e a não existência, também abre ‘Grande Sertão: Veredas’, de Guimarães Rosa e a união desses conceitos representa o pensamento basilar desse projeto. Como o próprio significado de Nonada diz, ela surge com o intuito de suprir lacunas momentâneas ou permanentes acerca de um novo conceito. A galeria, inclusiva e não sectária, enquanto agente promotor de encontros e descobertas com anseio pela experimentação, ilustra possibilidades de distanciar-se de rótulos enquanto amplia diálogos. “Nonada é um híbrido que pesquisa, acolhe, expõe e dialoga. Deixa de ser nada e passa a ser essência por acreditar que o mundo precisa de arte… e arte por si só já é lugar”, definem João Paulo, Ludwig, Luiz e Paulo. A Nonada mostrou-se necessária após a constatação, por seus criadores, da imensa quantidade de trabalhos de boa qualidade de artistas estranhos aos circuitos formais e que trabalham com os temas do hoje, sem receio nem temor em abordar temas políticos, identitários, de gênero ou qualquer outro assunto que esteja na agenda do dia; que seja importante no hoje. “Queremos apresentar de forma plural novos talentos, visões e força criativa”. O processo de maturação do projeto da Nonada foi orgânico e plural pois “abrangeu desde nossa experiência como também indicações de artistas, curadores, e de buscas onde fosse possível achar o que aguardava para ser descoberto”, diz Paulo Azeco. Ludwig Danielian acrescenta: “não queremos levantar bandeiras, rótulos, e sim valorizar a arte boa, que independe de estereótipos. Queremos ter esta proposta de galeria em Copacabana, bairro popular, e no subúrbio, na periferia do circuito de arte, para que se leve excelentes trabalhos a todos. Pretendemos promover discussões livres, contemporâneas, abertas, sem julgamentos prévios.”

 

 

Foto: Obra de André Barion/Divulgação

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