Itaú Cultural recebe Conforto, peça que reflete sobre diferenças sociais e as diversas formas de sentir aconchego

Tendo como ponto de partida a memória de sua primeira infância, a atriz Ana Flavia Cavalcanti trabalha a temática dando vida a uma babá, uma diarista e uma paquita. Ela também interpreta sua mãe, a quem acompanhava, quando criança, no trabalho como faxineira…

 

 

 

 

 

O Itaú Cultural apresenta de 7 a 10 de março (quinta-feira a domingo) a peça Conforto, com concepção, direção e atuação da atriz Ana Flavia Cavalcanti. O espetáculo trata da busca pelo aconchego, colocando no centro da cena o trabalho doméstico, a alienação parental e o direito à segurança alimentar e à moradia digna. O principal dispositivo para isso é a memória da primeira infância da artista.

As apresentações são gratuitas, como toda a programação do Itaú Cultural. Os ingressos são disponibilizados a partir do dia 28 de fevereiro, às 12h, e devem ser reservados pela plataforma INTI, com acesso pelo site www.itaucultural.org.br.

As memórias de infância fazem Ana Flavia reviver, em cena, sua trajetória pessoal e profissional – antes de se tornar atriz, ela trabalhou como babá quando criança. Nesse paralelo, a artista vive uma paquita; vive sua mãe, a quem acompanhava nas casas de família onde ela faz faxina; vive a filha de um pai ausente que o procura para receber um abraço e interpreta uma atriz que constrói a sua casa em uma praia paradisíaca no sul da Bahia.

 

Lembranças e diferenças
Conforto é também uma homenagem a outros brasileiros que têm memórias semelhantes e são costuradas ao longo do espetáculo. Faz, ainda, uma retrospectiva do cenário social dos últimos anos no Brasil.

A peça começa com a atriz usando um pulverizador customizado, o qual abastece com o amaciante diluído em água, borrifando a área externa e o espaço cênico. Assim, todo o espaço fica impregnado do perfume que ela própria sentia ao acompanhar a mãe e o identificava com a sensação de conforto.

Durante o espetáculo, a artista repete a frase “lá em casa não era assim não!”, trazendo a perspectiva da criança que ia com a mãe para as casas de família e entrava em contato com as desigualdades. Estas estavam desde o tamanho das casas que sua mãe limpava e na comida que era servida, até o elevador de serviço, a entrada destinada aos funcionários, os animais domésticos e o lixo.

Em outros momentos, a artista repete a frase “lá em casa era assim”, aqui reforçando os detalhes de sua rotina no bairro periférico de Caetetuba, em Atibaia, onde morava. Enquanto a mãe trabalhava, ela cuidava dos irmãos mais jovens, arrumava a casa, estudava. Seus momentos de lazer eram vividos ouvindo rádio, nadando nos rios da cidade. A melhor parte de seus dias era a beleza dos finais de semana, quando sua mãe estava em casa.

O espetáculo faz também uma crítica à fome que assola o país desde os anos de 1990. Para discutir segurança alimentar, a artista se inspirou nas imagens do café da manhã que era servido no programa matinal Xou da Xuxa, onde a apresentadora oferecia um banquete para uma pessoa escolhida da plateia.

“Esse café da manhã sempre me mobilizou. Durante a infância eu ficava grudada na tela da TV morrendo de vontade de comer aquelas coisas que eu nunca tinha visto ao vivo. A Xuxa servia favos de mel na boca das paquitas. Uvas verdes. Geleia de figo. Frutas variadas. Ricota. E a gente comendo pão seco com chá de erva cidreira”, conta a atriz.

Não à toa, Ana Flavia inicia o espetáculo vestida de paquita, ajudante de palco do programa de TV. Durante a apresentação, no entanto, a artista troca de figurino e volta para uma realidade mais próxima da sua primeira infância, usando uma roupa lavada e passada por sua mãe cheirando ao amaciante Comfort.

 

Sobre a atriz e diretora
Ana Flavia Cavalcanti é uma multiartista que transita entre a direção, atuação e a performance. Iniciou sua vida profissional aos oito anos de idade como babá de um recém-nascido, filho de uma vizinha. Natural de Diadema, região metropolitana de São Paulo, é filha de uma trabalhadora doméstica aposentada. A sua mãe e suas vivências foram as inspirações para a criação das performances A Babá Quer Passear e Serviçal, onde ela discute a condição atual das trabalhadoras domésticas no Brasil.

A atriz é formada em artes cênicas pelo CPT – Centro de Preparação Teatral, dirigido por Antunes Filho. Participou de estágios no Théâtre du Soleil e na École Lecoq durante 2011, ambos em Paris. Seu primeiro filme, o curta-metragem Rã, teve estreia internacional no 70th Berlinale – Berlin International Film Festival.

Atualmente, Ana Flavia integra o elenco das séries Os Outros, da GloboPlay, com direção de Luísa Lima; Notícias Populares, do Canal Brasil, com direção de Marcelo Caetano, e pode ser vista em Santo Maldito, série disponível na plataforma Star+. No cinema, também faz parte do elenco do filme A Casa de Antiguidades, de João Paulo Miranda Maria, Corpo Elétrico, de Marcelo Caetano, e Rainha, curta de Sabrina Fidalgo.

Ficha Técnica
Concepção, direção e atuação: Ana Flavia Cavalcanti
Supervisão artística: Isabel Setti e Fábio Osório
Performer convidada: Val Cavalcanti
Direção de arte e vídeos: Ana Flavia Cavalcanti
Cenário: Marília Piraju
Cenotecnia: Cássio Omae
Figurino: Ana Flavia Cavalcanti
Trilha sonora: Lua Bernardo
Execução de música ao vivo: Lua Bernardo e Beatriz França (stand in)
Iluminação: Cyntia Monteiro
Operação de Luz: Cyntia Monteiro e Angel Taize
Operação de Vídeo: Tiago Silva
Fotografias: Hanna Vadasz, Jorge Bispo e Felipe Avila
Produção: Rafael Ferro
Produção Executiva: Jandilson Vieira
Assistente de Produção: Mariana Mollys
Assessoria de Imprensa: Pedro Madeira e Rafael Ferro
Preparação Vocal: Isabel Setti
Designer: Jonas “Joe” Borges e Daniel Kubalack
Tratamento de Fotos: Sérgio Lisboa

 

 

 

 

 

 

Conforto
Concepção, direção e atuação: Ana Flavia Cavalcanti
Itaú Cultural
Na Sala Itaú Cultural (Piso Térreo)
Avenida Paulista, 149, próximo à estação Brigadeiro do metrô
Capacidade: 224 lugares
De 7 a 10 de março
De quinta-feira a sábado às 20h
Domingo às 19h
Duração: 100 minutos aproximadamente
Classificação Indicativa: 12 anos (temas sensíveis, angústia e violência)
Entrada gratuita. Reservas de ingressos na plataforma INTI – acesso pelo site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br

De terça-feira a sábado, das 11h às 20h.
Domingos e feriados 11h às 19h
Informações: pelo telefone (11) 2168.1777 e wapp (11) 9 6383 1663
E-mail: atendimento@itaucultural.org.br
Acesso para pessoas com deficiência física
Estacionamento: entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108.
Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.

PROTOCOLOS:
– É necessário apresentar o QR Code do ingresso na entrada da atividade até 10 minutos antes do seu início. Após este horário, o ingresso não será mais válido.
– A bilheteria presencial abre uma hora antes do evento começar, para retirada de uma senha para posteriormente ser trocada pelos ingressos de pessoas que não compareceram.

FILA DE ESPERA:
Os ingressos reservados valem até 10 minutos antes do início da sessão. Quem não conseguiu reservar o seu, pode comparecer ao Itaú Cultural no dia do evento e esperar por possíveis ingressos remanescentes. A fila começa a ser organizada uma hora antes do começo da atração e, caso haja desistência, os ingressos serão distribuídos às pessoas da fila por ordem de chegada.

 

 

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Foto: Jorge Bispo

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