Teatro Popular União e Olho Vivo estreia novo espetáculo sobre o Bom Retiro

No dia 16 de dezembro, às 16h30, o Teatro Popular União e Olho Vivo – também conhecido como TUOV – abre as portas de sua sede para apresentar o seu mais novo espetáculo “Bom Retiro Meu Amor Ópera Samba”, fruto de uma ampla pesquisa coletiva sobre o Bom Retiro, bairro popular da cidade de São Paulo que acolhe o grupo há mais de 35 anos. Com esta apresentação o grupo inicia uma temporada que será retomada de 12 a 20 de janeiro de 2019, às sextas, sábados e domingos…

 

 

 

“O Bom Retiro é um bairro sui generis que recebeu levas de refugiados políticos e sociais desde sua fundação até os dias de hoje. Por ali passaram italianos, judeus, coreanos, bolivianos e paraguaios. O espetáculo aborda temas de acontecimentos importantes que ocorreram durante a sua existência e resistência, como a fundação do Sport Clube Corinthians Paulista e o trabalho escravo nas “Oficinas de Suor”, explica César Vieira (Idibal Pivetta), coordenador geral do grupo.

Seguindo o método de trabalho coletivo de criação do grupo, a dramaturgia do espetáculo é resultado de um processo colaborativo realizado durante mais de dois anos por membros históricos e novos membros que se uniram ao Olho Vivo nos últimos anos. A equipe de criação foi a campo para uma imersão na história e nas sutilezas do cotidiano do Bairro Bom Retiro, um território tradicionalmente fabril, que por conta da imigração vinda de diversos países, abarca uma imensa diversidade cultural.

Pesquisas bibliográficas, levantamento documental de registros históricos (jornais, fotografias recentes e antigas, livros, teses e dissertações a respeito do bairro, de sua cultura, sua história e possíveis problemáticas) serviram de base para ciclos de conversas, oficinas, debates e reflexões envolvendo o público, trabalhadores, moradores do bairro, estudantes, desempregados, pessoas comuns, artistas.

A partir de diferentes assuntos que se revelaram importantes junto ao público para o qual historicamente o grupo se reporta com seu teatro popular, alguns temas foram ganhando destaque nas vivências. São exemplos de episódios e temas geradores o incêndio ocorrido na Estação da Luz, dois dias antes do término da concessão para a companhia inglesa São Paulo Railway, em 1946; as mulheres em situação de prostituição na Rua Aimorés (no século passado) e atualmente no Parque da Luz e o trabalho análogo à escravidão que fomentaram a criação de debates e cenas.

Outra vertente da pesquisa deste processo de criação do espetáculo “Bom Retiro Meu Amor Ópera Samba” foi a Ocupação Artística na sede do TUOV, que contou com a participação de grupos importantes da cena teatral de São Paulo, que possuem temáticas que dialogam com a história e linguagem do União e Olho Vivo.

Os grupos Dolores Boca Aberta, Trupe Lona Preta, Companhia Antropofágica de Teatro e Companhia Estudo de Cena, se revezaram durante meses apresentando espetáculos de seus respectivos repertórios, fomentando uma ocupação teatral diversa, ampliando as possibilidades de acesso à cultura na região e realizando uma espécie de aquecimento para a estreia do novo espetáculo do TUOV.

Todas essas ações fazem parte da programação do projeto TUOV 52 – Bom Retiro Meu Amor Ópera Samba, contemplado na 31ª Edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para Cidade de São Paulo, que vem possibilitando ao TUOV seguir com sua trajetória de resistência e luta por um teatro pensado e destinado à população residente não apenas nas periferias, mas em toda a cidade.

Ficha Técnica
Coordenação Geral: César Vieira (Idibal Pivetta), Graciela Rodriguez e Neriney Moreira|Direção Teatral: César Vieira, Rogério Tarifa|Dramaturgia: César Vieira, Mei Hua Soares, Rogério Guarapiran |Direção de Arte, Cenografia e Figurino: Graciela Rodriguez|Colaboração na Pesquisa: Luiz Alberto Barreto Leite Sanz, Walter Quaglia|Direção Musical: Rogerio Guarapiran|Coordenação Musical: Cesinha Pivetta, Rogerio Guarapiran|Elenco: Ana Elisa, Angelita Alves, Babi Pacini, Danila Gonçalves, Dante Kanenas, Edson Rocha, Flávia Sztutman, Juma Tanaka, Leandro Soussa, Lívia Loureiro, Lucas Cruz, Mei Hua Soares, Neriney Moreira, Oswaldo Ribeiro, Pedro Fraga, Rogerio Guarapiran|Músicos: Babi Pacini, Oswaldo Ribeiro, Pedro Fraga, Rogerio Guarapiran| Iluminação: Gil Teixeira|Assistência de Cenografia e Figurino: Lívia Loureiro | Ajudantes de Cenografia e Figurino: Edson Rocha, Gilvan Xavier, Juma Tanaka, Lucimara Freitas |Treinamento de Atuação: Luís Mármora | Treinamento Vocal: Ester Freire|Colaboração na Pesquisa: Luiz Alberto Barreto Leite Sanz, Walter Quaglia|Direção de Produção: Maria Tereza Urias | Produção: Natasha Karasek | Assistência de Produção: Renê Costanny | Assessoria de Imprensa: Luciana Gandelini | Registro Fotográfico: Graciela Rodriguez | Registro Audiovisual: Nana Ribeiro, Pedro Cortese | Preparação Corporal: Marilda Alface | Design Gráfico: Julia Pinto

 

 

 

 

 

Bom Retiro Meu Amor Ópera Samba
Teatro Popular União e Olho Vivo
Rua Newton Prado, 766, Bom Retiro
Informações: 3331-1001
Duração: 60 minutos
Estreia 16 de dezembro de 2018 às 16h30
Temporada: 12 a 20 de janeiro de 2019
Sextas-feiras, às 21h
Sábados e Domingos, às 16h30 e 19h30 (duas sessões)
Classificação: Livre
Ingressos: Gratuitos

 

O TUOV – Teatro Popular União e Olho Vivo
Segundo Augusto Boal, o TUOV é um dos mais importantes coletivos de teatro popular das Américas e do mundo. Surgiu em 27 de fevereiro de 1966 e, no auge de seus 52 anos, possui em sua formação membros presentes desde a fundação como Neriney Moreira e Idibal Pivetta (nome verdadeiro do diretor da companhia, César Vieira). Além de diretor do grupo, Idibal é advogado e exerceu intensa militância no período da ditadura, engajando-se pela liberdade de perseguidos políticos e pela memória dos desaparecidos do regime militar. Esta importante luta confunde-se com a própria existência e trajetória do TUOV.

Nessas mais de cinco décadas, o grupo desenvolveu um trabalho reconhecido nacional e internacionalmente. Fazem parte de sua história apresentações gratuitas em bairros populares da grande São Paulo, em ruas, praças, escolas, igrejas, casas paroquiais, clubes esportivos de várzea e na própria sede. Sua carreira internacional vai desde os esforços pela interligação latino-americana de grupos teatrais até a repercussão de suas obras em países como França, Itália, Polônia, Portugal, Peru, Bolívia, Egito, Panamá, Nicarágua e Angola.

O TUOV percorreu mais de 20 países na América, Europa e África e recebeu os mais importantes prêmios teatrais, tais como: Ollantay (Caracas, Venezuela), Casa das Américas (Havana, Cuba), Festival Mundial de Teatro (Cairo, Egito), Festival Internacional de Teatro (Nanci, França).

Um grupo que já foi visto por mais de 4 milhões de pessoas ao redor do mundo e que, no auge de seus 52 anos se reinventa para estrear sua mais nova montagem, segue na constante troca de experiências culturais com a periferia, principal mote de suas atividades. “Alicerçado nessas premissas o Olho Vivo pede passagem e continua a desfraldar as bandeiras da utopia” – finaliza César Vieira.

 

Foto: Graciela Rodriguez

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