Black Brecht e se Brecht fosse negro? volta em cartaz no Centro Cultural São Paulo

Espetáculo Black Brecht: E se Brecht fosse Negro?, montagem do coletivo Legítima Defesa livremente inspirada na peça O Julgamento de Luculus, de Bertolt Brecht volta em cartaz no dia 31 de janeiro, sexta-feira, às 21h, no Centro Cultural São Paulo, Espaço Cênico Ademar…

 

 

 

 

Perante o Supremo Tribunal do Reino das Sombras apresenta-se Luculus Brasilis, o general civilizador, que precisa prestar contas da sua existência na terra para saber se é digno de adentrar no Reino dos Bem-Aventurados. Sob a presidência do juiz dos Mortos, cinco jurados participam do julgamento: um professor, uma peixeira, um coveiro, uma ama de leite e um não-nascido. Estão sentados em cadeiras altas, sem mãos para segurar nem bocas para comer, e os olhos há muito apagados. Incorruptíveis.

O diretor Eugênio Lima, partiu das questões centrais da obra de Brecht para a concepção da montagem. “Pensamos nas dimensões que unem classe, raça e gênero e também o legado colonial dessa construção social. A partir daí convidamos a dramaturga Dione Carlos para trabalhar junto com o grupo. Construímos a peça em três tempos não lineares: o tempo dos vivos, o tempo dos mortos e o tempo dos não nascidos. Para quebrar com essa linearidade, esses tempos se tocam. É o que chamo de uma oferenda na esquina do futuro. A gente precisa recuperar a capacidade de imaginar outros futuros e para isso é preciso desconstruir o legado colonial sobre o passado. Carregar as memórias dos nossos ancestrais e trazer para dentro da nossa vida cotidiana”, fala o diretor.

Durante a pesquisa o coletivo Legítima Defesa se debruçou sobre aquilo que começou como uma provocação: E se Brecht fosse Negro? Nesta provocação, qual seria o lugar ocupado pela raça? Sua obra seria lida por uma perspectiva interseccional? Unindo classe, raça e gênero? Seria possível construir um espetáculo sobre uma perspectiva afro brasileira diaspórica da obra e dos procedimentos de Brecht?

O espetáculo estreou no Sesc Pompeia no dia 18 de abril de 2019. A trama da peça foi construída durante uma ocupação do Legítima Defesa, no próprio Sesc Pompeia, em novembro de 2017. Em março de 2018, também na Unidade, foi apresentado ao público mais uma etapa, com um módulo de imersão (encenação). Em junho de 2018 o projeto Black Brecht: E se Brecht Fosse Negro? Foi contemplado com o Prêmio Zé Renato de apoio à produção e desenvolvimento da atividade teatral para a cidade de São Paulo. A peça foi eleita pelo Guia da Folha entre as melhores estreias do ano de 2019 e, também foi escolhida pelo blog Cacilda, da fotógrafa Lenise Pinheiro, para figurar entre os destaques do ano.

Ficha Técnica
Direção: Eugênio Lima
Dramaturgia: Dione Carlos
Elenco: Eugênio Lima, Walter Balthazar, Luz Ribeiro, Jhonas Araújo, Palomaris Mathias, Tatiana Rodrigues Ribeiro, Fernando Lufer, Luiz Felipe Lucas, Luan Charles, Marcial Mancome e Gilberto Costa
Coprodução: Associação Cultural Núcleo Corpo Rastreado e Umbabarauma Produções Artísticas
Produção Executiva: Iramaia Gongora e Gabi Gonçalves
Assistência de Direção: Iramaia Gongora
Assistência de Produção: Thaís Souza
Direção Musical: Eugênio Lima e Neo Muyanga
Música: Luan Charles, Eugênio Lima, Neo Muyanga, Roberta Estrela D’Alva, Dropê Selva, Suyá Nascimento, Atila F. Silva, Everton Martins, Danilo Rocha, Thiago Bernardes e Pedro Teixeira
Cenário: Renato Bolelli
Iluminação: Matheus Brant
Fotografia: Cristina Maranhão
Vídeointervenção: Bianca Turner
Vídeodocumentário e Filme: Ana Júlia Travia
Trilha do Filme: letra Azagaia, voz Roberta Estrela D’alva, música Eugenio Lima
Figurino: Claudia Schapira
Direção de gesto: Luaa Gabanini
Preparação Corporal e Coreografia: Luaa Gabanini e Iramaia Gongora
Spoken Word e Preparação Vocal: Roberta Estrela D’Alva
Danças Urbanas Africanas: Mister Prav
Direção de Arte Gráfica: Jader Rosa
Design: Juliana Aguiar e Renan Magalhães -Estúdio Lumine
Operador de Som: João de Souza Neto, Clevinho Souza e Vivi Santana
Cenotécnico: Wander Wagner da Silva
Dançarinas: Regina Santos e Malu Avelar
Intérpretes de Libras: Érika Mota, Thalita Passos, Luana Manine e Carol Martins
Costureira: Cleusa Amaro da Silva Barbosa
Gravação, Edição, Mixagem e Masterização: Rodrigo Locaut
Imagem de Vídeo: Sabotage: “Respeito É Pra Quem Tem”- Tatiana Lohmann
Fotografia Baobá: Daniel Lima
Estandarte: Renato Caetano
Agradecimentos à Zózimo Bulbul (in memorian), Biza Vianna pela cessão das imagens e a equipe do Centro Afrocarioca de Cinema Zózimo Bulbul

 

 

 

 

 

 

 

Black Brecht e se Brecht fosse negro?
Centro Cultural São Paulo
Espaço Ademar Guerra
Rua Vergueiro, 1000, Paraíso
Capacidade: 70 lugares
Duração: 110 minutos aproximadamente
Temporada: De 31 de janeiro a 1º de março
Sextas e sábados, às 21h
Domingos, às 20h.
Importante: Dias 21, 22 e 23 de fevereiro não haverá apresentação
Classificação indicativa: Não recomendado para menores de 18 anos
Ingressos:
R$ 20,00 (inteira)
R$ 10,00 (*meia)
Vendas pelo site Sympla ou na bilheteria do Centro Cultural São Paulo 2 horas antes do início da peça

 

Legítima Defesa

O Legítima Defesa é um coletivo de artistas/atores/atrizes de ação poética, portanto política, da imagem da “negritude”, seus desdobramentos sociais históricos e seus reflexos na construção da “persona negra” no âmbito das linguagens artísticas. Constituindo desta forma um diálogo com outras vozes poéticas que tenham a reflexão e representação da “negritude” como tema e pesquisa.

Este ato de guerrilha estética surge da impossibilidade, surge da restrição, surge da necessidade de defender a existência, a vida e a poética. Surge do ato de ter voz.

Ser invisibilizado é desaparecer, desaparecer é perder o passado e interditar o futuro, portanto não é uma opção.

Formado em 2015, o coletivo apresentou a performance poético-política “Em legítima defesa” na Mostra internacional de Teatro de São Paulo de 2016. Em 2017, estreou o espetáculo “A missão em fragmentos – 12 cenas de descolonização em legítima defesa” na programação da Mostra internacional de Teatro. Tem em sua bagagem uma série de Intervenções Urbanas. Atualmente, finaliza o processo da pesquisa “Black Brecht – e se Brecht fosse negro?”, projeto contemplado pelo Prêmio Zé Renato 2018.

 

Foto: Cristina Maranhão

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