Sesc Guarulhos apresenta espetáculo premiado da Companhia de Teatro Heliópolis em única sessão

O Sesc Guarulhos apresenta sessão única do espetáculo Cárcere ou Porque as Mulheres Viram Búfalos, com a Companhia de Teatro Heliópolis, no dia 19 de novembro, domingo, às 18 horas…

 

 

 

 

Em 2022, Cárcere ou Porque as Mulheres Viram Búfalos ganhou o Prêmio APCA (Dramaturgia, indicado em Direção), Prêmio SHELL de Teatro (Dramaturgia e Música, indicado em Direção) e VI Prêmio Leda Maria Martins (Ancestralidade). Também foi relacionado como um dos Melhores Espetáculos do Ano pela Folha de S.Paulo.

Com encenação de Miguel Rocha e texto de Dione Carlos, a montagem aborda a forte presença feminina no contexto do cárcere. O enredo parte da história de duas irmãs gêmeas – Maria dos Prazeres e Maria das Dores – com vidas marcadas pelo encarceramento dos homens da família para apresentar as estratégias de sobrevivência, sobretudo, das mulheres em suas comunidades. Quanto ao título, a dramaturga explica que “faz referência às mulheres que transmutam as energias de violência e morte e reinventam realidades”.

O espetáculo tem as mulheres – mães, esposas, companheiras, irmãs – no centro da abordagem. “São elas que carregam o fardo, que são acometidas pelos desdobramentos do encarceramento de seus parceiros ou familiares, tendo a vida emocional, a segurança física e a situação financeira abalada. A mulher se torna a força e o sustentáculo da família, e também daquele que está em situação de cárcere”, argumenta o encenador.

A história das irmãs é um disparador no enredo de Cárcere ou Porque as Mulheres Viram Búfalos para revelar o quão difícil é se desvincular de uma estrutura tão complexa quanto o encarceramento. Enquanto a mãe enfrenta o sistema jurídico na tentativa de libertar o filho preso injustamente, lutando pela subsistência da família e do filho, sua irmã é refém do ex-companheiro, também encarcerado, a quem deve garantir suporte no presídio, sem direito a uma nova vida conjugal pelo risco de perder a própria vida. Presas a um histórico circular, pois também tiveram o pai preso, elas lutam para quebrar o ciclo em um percurso espinhoso.

A ancestralidade está presente na dramaturgia e permeia a encenação de forma arquetípica. O coro aparece como uma representação da coletividade e um exercício da voz ancestral, cujos saberes resistiram à barbárie e atravessaram séculos nos corpos, nas memórias e nas crenças do(a)s africano(a)s que, escravizado(a)s, fizeram a travessia do Atlântico. Vale ressaltar que a maioria dos encarcerados é de ascendência negra, além de pobres e periféricos. “Nosso propósito é apresentar uma obra que trace o percurso dessas mulheres, pretas e pobres, cujo destino é atrelado ao cárcere, e refletir sobre a situação limite em que o condenado se insere, além de mostrar que o modelo prisional vigente é cruel, discriminatório e não presta à ressocialização”, argumenta o encenador.

Como é característico nas encenações da Companhia, o espetáculo explora as ações físicas para construir um discurso poético e expressionista das relações de poder e da situação de cárcere. A música ao vivo (violino, viola, cello e percussão) potencializa esse discurso nas cenas coreografadas que denunciam e evidenciam o cotidiano em questão. O futebol, a comida, as humilhações, a disciplina imposta são passagens que elucidam a ambiguidade da proposta do sistema para a reabilitação daquele que, supostamente, infringiu as regras da sociedade. O encenador explica que “a música e a coreografia têm a força de expor a concretude, a precariedade e a desestrutura do espaço onde o enredo se desenvolve”.

Esta apresentação integra o projeto Cárcere ou Porque as Mulheres Viram Búfalos – Circulação, contemplado pelo Edital nº 02/2022 do ProAC – Programa de Ação Cultural, da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo.

Ficha Técnica
Encenação: Miguel Rocha. Assistência de direção: Davi Guimarães. Texto: Dione Carlos. Elenco: Antônio Valdevino, Dalma Régia, Danyel Freitas, Davi Guimarães, Jefferson Matias, Jucimara Canteiro, Priscila Modesto e Walmir Bess. Direção musical: Renato Navarro. Assistência de direção musical: César Martini. Musicistas: Alisson Amador (percussão), Amanda Abá (violoncelo), Denise Oliveira (violino) e Jennifer Cardoso (viola). Cenografia: Eliseu Weide. Iluminação: Miguel Rocha e Toninho Rodrigues. Figurino: Samara Costa. Assistência de figurino: Clara Njambela. Costureira: Yaisa Bispo. Operação de som: Lucas Bressanin. Operação de luz: Nicholas Matheus. Cenotecnia: Wanderley Silva. Provocação vocal, arranjo e composição da música do ‘manifesto das mulheres’: Bel Borges. Provocação vocal, orientação em atuação-musicalidade e arranjo – percussão ‘chamado de Iansã’: Luciano Mendes de Jesus. Estudo da prática corporal e direção de movimento: Érika Moura. Provocação cênica: Bernadeth Alves, Carminda Mendes André e Maria Fernanda Vomero. Comentadores: Bruno Paes Manso e Salloma Salomão. Mesas de debates: Juliana Borges, Preta Ferreira, Roberto da Silva e Salloma Salomão – mediação de Maria Fernanda Vomero. Orientação de dança afro: Janete Santiago. Direção de produção: Dalma Régia. Fotos: Rick Barneschi, Tiggaz e Weslei Barba. Assessoria de imprensa: Eliane Verbena. Idealização e produção: Companhia de Teatro Heliópolis. Estreia oficial: 12/03/2022.

 

 

 

 

 

 

Cárcere ou Porque as Mulheres Viram Búfalos
Com: Companhia de Teatro Heliópolis
Sesc Guarulhos
Teatro
Rua Guilherme Lino dos Santos, 1200 – Jardim Flor do Campo. Guarulhos/SP.
Tel.: (11) 2475-5550
Capacidade: 394 lugares
Acessibilidade: Sim – rampa de acesso, sanitário adaptado.
Domingo, 19 de novembro, às 18h
Duração: 120 min.
Classificação: 12 anos
Ingressos: R$ 12,00 (Credencial Plena), R$ 20,00 (meia-entrada) e R$ 40,00 (inteira).
Vendas: Nas bilheterias físicas da unidades do Sesc, pelo app Credencial Sesc SP e pelo site, no link https://centralrelacionamento.sescsp.org.br
sescsp.org.br/guarulhos. Na rede: @sescguarulhos.
Facebook – @companhiadeteatro.heliopolis | Instagram – @ciadeteatroheliopolis

 

Foto: Rick Barneski

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